Eveline é uma jogadora cabo-verdiana que partiu para Portugal para a sua segunda experiência no estrageiro, agora no Atlético Ouriense.
Evy, como é conhecida, começou a jogar futebol aos seis anos nas ruas do bairro Eugénio Lima (Praia), onde nasceu. Em conversa com o SAPO Desporto, a nova aquisição da turma portuguesa fala dos primeiros passos na modalidade e dos sonhos.

“Comecei a brincar com a bola e, de repente, um passe já saía mais fácil, o domínio da bola foi melhorando e assim fui ganhando gosto e vi que tinha aptidão para o futebol. Diziam que eu era uma ‘maria rapaz’”, conta, entre risos.

Fundação EPIF, a primeira experiência “séria” no futebol

Evy conta que foi uma amiga do irmão que a levou para a EPIF, Escola de Preparação Integral de Futebol, naquele que foi o pontapé de saída para a realização de um sonho. Em 2009, fez a sua primeira deslocação ao exterior. Participou num campo de férias realizado em Espanha com equipas locais.
Depois, aos 18 anos foi jogar nos “Black Panters”, esteve meia-temporada ao serviço da equipa quando decidiu mudar-se para o Seven Stars.

“Com os Black Panters tinha um acordo para jogar uma temporada com possibilidade de uma carreira internacional. Mas as coisas não correram como previsto, por isso decidi mudar para a equipa do Seven”, conta.

E foi ao serviço do Seven que Evy conseguiu alcançar visibilidade e atingir o seu sonho. Foi duas vezes campeã nacional e na época 2013/2014 levou para casa os prémios de Melhor Jogadora e Melhor Marcadora.
Em campo Evy ocupa a posição de médio ofensivo, embora se considere uma jogadora polivalente.

“Eu treino para poder jogar em qualquer posição. Jogo também nas alas, como trinco, no meio campo centro, enfim, falta-me experimentar a posição de guarda-redes”, diz, entre risos.

“Sempre sonhei jogar fora do país”

Na época em que Evy se transferiu para o Seven, o clube assinou um acordo que permite a troca de jogadoras com o Atlético Ouriense de Portugal. Evy só precisou de mostrar o que vale para ser uma das selecionadas para jogar na equipa de Ourém (Portugal).

“Comecei no futebol aos seis anos e a oportunidade só surgiu agora aos 20. Durante esses 14 anos não perdi a fé, não parei de sonhar e agora vou trabalhar para chegar mais longe”, garante. “O meu maior sonho é ser jogadora profissional”.

A atleta só lamenta o facto do desporto em Cabo Verde “não ter pernas para andar” e afirma que o futebol feminino é “uma realidade ainda muito escura”. “Temos um futebol feminino de qualidade. Treinamos um ano e só temos um mês de campeonato regional e uma semana de campeonato nacional e isso não é tempo suficiente para mostrar tudo o que valemos”, lamenta.

Eveline Varela parte agora para uma nova aventura. “O Ouriense é uma equipa que participa no campeonato mundial de futebol feminino, é campeã de Portugal, já venceu a Taça de Portugal logo, a visibilidade é maior. E para jogadoras que sonham como eu é um grande começo”, diz, satisfeita.

Ela espelha-se em jogadoras como a Sheila, atleta cabo-verdiana que atua no Barcelona e a Marta, a jogadora brasileira que já ganhou cinco Bolas de Ouro.

Eveline deixa uma mensagem de incentivo às meninas que, como ela, têm um sonho: “Não escondam os vossos sonhos, ainda que oiçam criticas e palavras de desencorajamento, não abandonem o vosso sonho”.