Mário Semedo afirmou que a Federação Cabo-verdiana de Futebol continua a viver com dificuldades financeiras, apesar do prémio de participação no CAN 2013. A CAF definiu o montante de 600 mil dólares (457 mil euros) como prémio pelos quartos-de final.

Apesar desse montante, que já entrou nos cofres da federação, o presidente do órgão reitor do futebol em Cabo Verde afirmou ao SAPO Desporto que a instituição continua em dificuldades.

Dinheiro do CAN 2013 para pagar prémios e organizar provas nacionais

«Não vivemos em situação de desafogo financeiro, vivemos sempre no limite. Temos procurado aplicar com racionalidade as receitas que nós temos. Já recebemos as receitas do CAN 2013 e, como sabe, tínhamos compromissos vários, com os jogadores e equipa técnica. Parte dessa receita será aplicada em provas nacionais, o que já temos vindo a fazer», afirmou, em entrevista telefónica ao SAPO Desporto.

Com o dinheiro do CAN, a Federação Cabo-verdiana de Futebol estará em condições de oferecer uma verba mais aliciante aos clubes cabo-verdianos que queiram participar nas provas da CAF, Taça Nelson Mandela e Liga dos Campeões, respetivamente. Mário Semedo não fala em valores mas mostra-se recetivo a discutir o tema com os clubes e com o Governo, a quem pede que se esforcem mais para que Cabo Verde volte a ter equipas nas provas africanas.

«Devemos participar mais na Liga dos Campeões Africanos»

«Sempre fomos favoráveis a participação de clubes nacionais nas provas africanas, nomeadamente na Liga dos Campeões. Sempre apoiamos os clubes, com a criação de uma verba destinada a essa participação. Mas não podemos ser nós a suportar tudo, senão não há dinheiro que chegue. Terá de haver um esforço de todos: sócios, clubes, empresas e Governo, ou seja, de toda a gente, para que a participação nas provas da CAF possa se retomada», sublinhou o líder federativo, lembrando que agora Cabo Verde tem outras obrigações no contexto do futebol africano.

«Já houve participações anteriores e nós sempre apoiamos. Entendemos que devemos participar mais, até porque neste momento Cabo Verde tem responsabilidades acrescidas, por aquilo que a Seleção já é em termos de futebol africano. Dentro de uma política de integração, é fundamental que as nossas equipas possam competir com outras formações africanas, para uma maior e rápida integração dos nossos jogadores no futebol africano», ressalvou.

Para a próxima época, é possível que Cabo Verde volte a contar com equipas nas provas africanas de clubes. Cabe agora aos representantes (Mindelense, campeão Nacional, e o vencedor da Taça, ainda por definir) sentarem-se à mesa das negociações com o Governo e a Federação para discutir os contornos da participação nas provas da CAF. Mário Semedo avança que ainda é cedo para se falar em valores.

«A verba que colocamos à disposição dos clubes vinha do patrocínio que tínhamos, era uma forma de encorajar as equipas a participarem na Liga dos Campeões Africanos. Mas temos de discutir com os clubes que vão participar e com o próprio Governo, sentarmos à mesa e fazer de tudo para que tenhamos equipas nas provas africanas. Depois disso, iremos definir a nossa quota-parte», afirmou Mário Semedo, que não adiantou números.

«Não comprometo-me com nada até porque o campeão foi encontrado há dias, ainda não se pode falar em números. Tudo terá de ser definido após a reunião que iremos ter com os clubes e com o Governo. Mas é importante criar condições para as equipas representarem Cabo Verde com dignidade porque agora temos responsabilidades acrescidas no futebol africano», lembrou Mário Semedo.
Mário Semedo destacou ainda a forma como decorreu o Campeonato Nacional de Futebol, pela competitividade, emoção e organização e pelo facto de ter havido um aumento nos prémios de jogo.