O ministro do Desporto de Cabo Verde, Fernando Elísio Freire, destacou esta sexta-feira o empenho de Cabo Verde na luta contra o doping, um flagelo que, segundo ele, insiste em “importunar a verdade desportiva”.

O governante, que falava no ato de abertura da reunião do Conselho Regional Antidopagem (ORAD), disse que Cabo Verde defende uma política desportiva que “prioriza os valores da ética e da integridade, do jogo limpo e da lealdade como base de toda a estruturação desportiva”.

Segundo o ministro, o encontro da ORAD da Zona II & III, na Praia, chega em “boa hora”, ou seja, numa altura em que, de acordo com as suas palavras, um pouco por toda a parte, “surgem notícias de envolvências de grandes atletas com substâncias dopantes”.

“Queremos que as nossas instituições desportivas percebam que, a nível da nossa região africana, se está a fazer algo para as proteger”, declarou o responsável do departamento governamental do Desporto, para quem, em tempos de constrangimentos financeiros a exigir “reformas e novos modelos de gestão e financiamento”, urge salvaguardar a capacidade de criação de riqueza que a indústria do desporto pode constituir.

Mas para isso, prossegue o ministro, é necessário que o desporto se mantenha “limpo” e consiga preservar essa sua “singular capacidade de atracção, afastando tanto quanto possível todas as formas de corrupção e ações criminosas”.

Para Fernando Elísio Freire, o Governo quer estar na “linha da frente e de mãos dadas” com as instituições desportivas e não-desportivas, governamentais e não-governamentais, nacionais e internacionais, para que “o doping não vença o desporto”.

Na sua perspetiva, é necessário que se lute para que o doping não se torne num recurso “erradamente explorado pelos agentes desportivos”.

Anunciou, por outro lado, a meta do seu Governo, “num futuro breve”, para trabalhar com a ONAD-CV, com vista a proporcionar as condições, do ponto de vista logístico e financeiro, para que, autonomamente, “tenham condições de operarem em qualquer hora, em qualquer dia e em qualquer ponto do país, na defesa da integridade do desporto”.

Por sua vez, a presidente da ORAD II & III, Bessi-Kama Lidi, relevou a pronta resposta da parte das autoridades cabo-verdianas no sentido de o país acolher o referido encontro, bem como o “engajamento” de Cabo Verde na luta antidopagem no desporto.

A presidente da ORAD II & III espera ainda que o encontro da Praia seja um momento de reflexão na luta contra o doping no desporto.

O representante da Agência Mundial Antidopagem (AMA), Thomas H. May, defendeu que todos devem estar empenhados na luta contra o doping no desporto.

A prática do doping, além de nociva à saúde dos atletas, põe em risco a verdade desportiva, constituindo assim uma “grave ameaça”. A UNESCO e a AMA têm dado orientações para o combate “mais eficaz” ao doping no desporto.

No encontro da Praia, além de Cabo Verde, participam representantes de Benin, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Guiné-Conakry, Mali, Níger, Senegal e Togo.

É a segunda vez que a capital cabo-verdiana é escolhida para a realização do encontro do Conselho da Organização Regional Antidopagem, envolvendo os dez países das Zonas II e III. O primeiro teve lugar em 2012.