A escola de futebol de Santa Catarina, Assonhagar, já beneficiou mais de 200 crianças e jovens. Criada por um jovem de 24 anos, a escola pretende ser a melhor do país e formar jogadores com qualidade para jogar em equipas internacionais.

Tudo começou em março de 2014 quando Nelson Barros – estudante universitário na altura, e mais uma colega, Mónica Moreira, professora no Liceu Amílcar Cabral, uniram esforços para criar um projeto. O objetivo era criar uma escola de formação de futebol destinada a crianças e jovens de Assomada e de outros pontos de Santa Catarina.

A ideia do projeto surgiu porque na cidade de Assomada, conforme explica Nelson Barros, diretor da escola Assonhagar, existem muitos jovens e crianças que gostam de jogar futebol mas que precisam de uma oportunidade para desenvolverem as suas potencialidades.

Fazer face aos problemas sociais que afetam os jovens e crianças na cidade do planalto é uma outra razão que levou à criação do espaço.

“Começamos com o treino de alguns destes jovens, mas eu a minha colega constatamos que era necessário criar um projeto desportivo estratégico, com enfoque na formação e na criação de formas de ocupação dos tempos livres para os jovens de modo a combater os males sociais que os afetam”, explica Nelson.

A implementação deste projeto desportivo “foi muito difícil” devido à falta de apoios. Por isso, os promotores sentiram-se obrigados a fazer esforços redobrados por forma a conseguirem a sua materialização.

“Até agora o apoio está aquém do desejado. Fazer um trabalho como este exige muita paixão, dedicação e esforço”, diz o diretor do Assonhagar que no ano passado foi homenageado pela Universidade de Santiago pelo trabalho feito.

Nelson Barros garante que os esforços feitos já estão a dar frutos, porque “vê-se que os jovens que podiam estar envolvidos com álcool e drogas estão a seguir um caminho diferente”.

Um outro ganho apontado pelo responsável é a participação de um jogador da Assonhagar nos jogos da CPLP no Sal pela seleção de futebol de Cabo Verde.

Acompanhamento dos atletas
As crianças e jovens com idade compreendidas entre os 7 e os 19 anos que frequentam a escola Assonhagar têm de seguir um regulamento interno, explica o diretor da escola.

Nesse espaço, para além das sessões de treinos de futebol que recebem, beneficiam ainda de um acompanhamento académico por parte da instituição durante o ano letivo, com explicações para alunos do ensino primário e secundário.

Sustentabilidade financeira
Garantir a sustentabilidade financeira da Assonhagar é uma das maiores preocupações do responsável, já que a escola “sobrevive” única e exclusivamente de quotas pagas pelos pais e encarregados de educação que são no valor simbólico de 200 escudos. Uma contribuição que é feita apenas por 50 por cento dos pais, numa instituição onde os gastos semanais rondam os 20 mil escudos.
Para conseguir mais fundos, a escola organiza algumas atividades como torneios de futebol entre as empresas e venda de materiais escolares.

Paralelamente, o diretor da escola conta que já solicitaram, por várias vezes, apoios em empresas e entidades nacionais para o financiamento dos seus projetos sem nunca terem obtido ainda uma resposta.

A Câmara Municipal de Santa Catarina é a única que tem disponibilizado apoio para a sobrevivência da escola com a disponibilização de transporte para jogos, equipamentos desportivos, entre outros. Mas estes, conforme o diretor não cobrem todas as necessidades da instituição, por isso clama por mais apoios.

Para tornar a escola sustentável, Nelson Barros avança que estão a trabalhar num projeto de um negócio. A ideia é criar um restaurante tradicional, “onde podemos oferecer várias ofertas de pratos típicos de Cabo Verde” por forma a obter lucro.

Os próximos dez anos
Do trabalho feito até aqui, o balanço é positivo, considera Nelson Barros que não hesita em dizer que “daqui a dez anos queremos ser a maior escola de futebol em Cabo Verde”.

A outra meta é ter um estádio próprio. Para isso, Barros reconhece que é necessário estabelecer parcerias com o governo e com clubes estrangeiros, porque em Santa Catarina existem muitos jovens com talento para o futebol.

“Qualquer dia podemos ver um jovem de Santa Catarina a jogar numa grande equipa lá fora”, conclui.