O Mindelense não conseguiu reunir o número suficiente de futebolistas para viajar para São Nicolau, onde deveria jogar no domingo a repetição do jogo da primeira mão das meias-finais do campeonato nacional com a Ultramarina.

Em comunicado, o presidente do Mindelense, Daniel de Jesus, explicou que o clube não conseguiu reunir o número necessário de futebolistas para viajar hoje à tarde para São Nicolau.

Daniel de Jesus indicou que desde que recebeu o comunicado da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF) para repetir a eliminatória, que o clube conseguiu mobilizar apenas sete jogadores, já que o Mindelense há muito tinha desmobilizado a equipa de futebol.

"Enviámos a lista da caravana à federação no sentido de mobilizar mais alguns atletas, mas não o conseguimos. Dos sete atletas anteriormente mobilizados, dois desistiram por serem oriundos de outra ilha, e alegaram razões familiares para terem que partir em gozo das suas férias", lê-se no comunicado.

"Tudo fizemos para que esta odisseia tivesse um desfecho menos doloroso para todos, mas infelizmente não foi possível", lamentou o presidente, que disse à agência Lusa que agora que vai aguardar pela decisão FCF pela não comparência no encontro.

O jogo seria repetido porque não foi realizado no início de junho, já que, depois de dois adiamentos, na terceira data prevista não apareceram as chaves para abrir os portões do estádio em São Nicolau.

A FCF instaurou um processo disciplinar à Ultramarina, mas o Conselho de Disciplina (CD) da FCF considerou "improcedente" a queixa, concluindo que não ficou provada que o clube teve intenção de esconder as chaves.

O Mindelense também apresentou um recurso, mas o Conselho de Justiça da FCF negou provimento ao mesmo.

Entretanto, mesmo sem se realizar o jogo da primeira mão em São Nicolau, a FCF marcou o da segunda mão em São Vicente, em que a Ultramarina venceu o Mindelense por 2-0.

Na semana passada, a federação anulou o jogo realizado e mandou repetir os dois jogos das meias-finais, prorrogando assim a época desportiva em Cabo Verde, que deveria terminar no dia 31 de julho.

Entretanto, as duas equipas não aceitam a decisão e ameaçaram não jogar. Enquanto a Ultramarina quer disputar apenas o jogo da primeira mão, o Mindelense quer ir direto para final e jogar com o Sporting da Praia, o único finalista até agora conhecido.

Este caso insólito no futebol cabo-verdiano está a gerar muita polémica no país, tendo levado as associações regionais a "forçarem" uma assembleia geral extraordinária para analisar a situação da modalidade no país e pedir a demissão do presidente da FCF, Vítor Osório.

O pedido foi entregue ao presidente da Assembleia Geral na terça-feira e foi subscrito por nove das 11 associações regionais, ficando a faltar as do Sal e de Santo Antão Norte.

A FCF confirmou à Lusa que já foi notificada sobre o pedido e que está a aguardar a marcação da assembleia-geral extraordinária.