O Café Oliveira será a “casa de Portugal” na quinta-feira na “oponente” Praga, aquando do encontro com a República Checa, dos quartos de final do Euro2012 de futebol.

Saído da ideia do engenheiro civil Fábio Oliveira há cerca de dois meses, o novo espaço é já um ponto de encontro dos portugueses, apesar de ter aberto apenas a 09 de junho, em especial para a estreia de Portugal no Euro2012 – derrota com a Alemanha (1-0).

Os santos populares não facilitaram a logística a Fábio Oliveira, que tem tido problemas na importação de produtos portugueses, mas, ainda assim, não descarta promoções para quinta-feira, mesmo que a cerveja portuguesa acabe.

«Tive problemas no segundo jogo com a cerveja portuguesa. Agora já tenho mais alguma, mas acho que se vai acabar o ‘stock’ de novo na quinta-feira. Sou capaz de fazer uma promoção com pastéis de nata e café», admitiu.

Fábio Oliveira espera mesmo ter na quinta-feira alguns clientes checos, «que querem ir ao café ver como os portugueses reagem ao futebol, uma vez que a República Checa não é um país que tenha uma grande cultura de futebol, é mais hóquei no gelo».

Um dos portugueses que deve marcar presença no Café Oliveira na quinta-feira é João Duarte, que tem uma empresa de recrutamento na área da informática.

Há sete anos emigrado na República Checa, João Duarte, um dos fundadores de um grupo de portugueses na rede social facebook, é casado com um checa, mas não espera problemas em casa, porque a esposa «não está muito interessada no futebol».

«Será mais interessante falar com o pai dela e com o irmão, que têm visto os jogos todos. Acho que vai ser bastante engraçado para nós que aqui estamos, sobretudo porque abriu um café português há um mês e vai começar a ser o novo ponto de encontro. Vamos todos lá ver o jogo», disse.

Em conversas com checos, João Duarte percebeu que os “rivais” estão «um pouco cautelosos» e «não estão muito otimistas, mas também não esperavam chegar aos quartos de final depois daquele jogo com a Rússia [derrota por 4-1 na primeira jornada]».

«Eles não estão à espera de grande coisa, até pela forma como Portugal está a jogar, em especial o Ronaldo. Mas vamos ver», referiu.

Mais confiantes estão os colegas de Bruno Sanches, responsável pela equipa operacional de uma multinacional de telecomunicações, que já o aconselharam a não ir trabalhar na sexta-feira.

«Alguns deles já me aconselharam a não vir no dia a seguir, porque a pressão vai ser tanta que não conseguiria vir trabalhar», garante.

Apesar de algumas restrições impostas pela empresa, o jogo entre portugueses e checos tem sido «a conversa do dia», mesmo com alguns holandeses, eliminados por Portugal na fase de grupos.

«Está a ser muito interessante, porque tenho colegas holandeses que já foram corridos, mas a maioria dos meus colegas são checos. Durante o dia têm-me perguntado onde vou ver o futebol, porque estão convencidos que a República Checa vai passar e querem estar ao meu lado para que possam ser os primeiros a mandar as bocas normais», afirmou.

Mais recatada, a estudante de medicina Marta Miranda também se juntará aos portugueses para ver o jogo de quinta-feira, dizendo acreditar num triunfo por 2-1, até porque «Portugal pode bater-se com qualquer seleção».

«Existe um café português que fica mesmo ao lado do jardim onde os jogos estão a ser emitidos num ecrã gigante. O português instala-se na sua cadeirinha, com os famosos tremoços e com uma cerveja. E assim vemos o jogo rodeados dos nossos compatriotas», referiu.

Há cerca de 20 anos na República Checa, o chanceler José Riço, da Embaixada Portuguesa em Praga, garante que «toda a gente está entusiasmada e que tem um sabor especial poder assistir a este encontro na República Checa».

José Riço vai ver o jogo «com um grupo mais restrito de amigos» e já fez apostas com alguns deles, por estar convencido de que «Portugal vai vencer, apesar de alguns checos acreditarem que são capazes de ultrapassar Portugal, que não consideram um adversário impossível, em especial se conseguirem parar o Cristiano Ronaldo e o Nani«.

José Riço já estava na República Checa em 1996, quando a República Checa eliminou Portugal nos quartos de final do Europeu da Inglaterra, com o “famoso chapéu” de Karel Poborski.

«Já são tempos idos e essa equipa checa já pertence à história. Poborski, Nedved e todas essas figuras que hoje fazem falta. A equipa atual tem jogadores talentosos, mas não é igual à de 96», referiu.

Também Bruno Sanches se lembra desse jogo, mas apenas porque o facto de ser do Benfica o recorda de Poborski, jogador que passou pelo Estádio da Luz.

«Sinceramente, sou eu que os lembrou de 96. Como sou benfiquista, o Poborski foi um jogador que me ficou na cabeça e a maior parte deles nem se lembra desse jogo. Eu é que lhes digo que vai ser a vingança de 96: o Poborski já não joga, o vosso melhor jogador está lesionado e não há quem vos safe», disse.