O antigo futebolista português Jorge Andrade elege o golo de Nuno Gomes à Espanha, nos quartos de final do Euro2004, e a grande penalidade marcada pelo guarda-redes Ricardo, à Inglaterra, como os momentos mais marcantes da prova.

«Os momentos decisivos foram o golo do Nuno Gomes frente à Espanha, que nos deu a passagem, as defesas e o ‘penalti’ marcado pelo Ricardo e a final. A final marca de uma forma decisiva», afirmou em entrevista à agência Lusa o ex-defesa central.

Oito anos depois, Jorge Andrade recorda com tristeza o derradeiro momento do Euro2004, admitindo que o “destino” poderia ter sido diferente se Portugal tivesse encontrado uma seleção «mais poderosa» e não a Grécia, que «estava talhada para jogar em equipa».

«Foi uma equipa que nos enganou porque jogava para o resultado. Se calhar, com uma seleção mais forte, que jogasse taco a taco, teríamos conseguido ganhar espaços, porque tínhamos jogadores individualmente muito bons», explicou, reconhecendo que foi um jogo «para esquecer».

A “sorte” de jogar no Campeonato da Europa disputado em Portugal conferiu «orgulho» e «responsabilidade» a Jorge Andrade: «Quando se joga pela seleção, não se joga só pela profissão que temos, mas também um pouco pelos nossos pais, os nossos amigos e por toda a gente».

Também por isso, lamenta a derrota na final, reconhecendo ter sido «muito triste» não conseguir festejar no dia certo, depois de uma campanha que entusiasmou todo o país.

«Tivemos jogos muito emocionantes. A primeira fase, com a derrota logo contra a Grécia fez com que o selecionador remodelasse a equipa e, se calhar, algumas dúvidas foram postas. A partir daí, fizemos um campeonato diferente», realçou.

Jorge Andrade referiu que «todos os jogadores que estavam no grupo foram importantes em diferentes fases», salientando a importância de Hélder Postiga e Rui Costa frente à Inglaterra e de Fernando Couto, depois, para segurar a vantagem frente à Holanda.

No Euro2012, Jorge Andrade confia que o “capitão” Cristiano Ronaldo vai ser o “porta-bandeira” da equipa das “quinas”, tal como o foi Luís Figo, durante vários anos.

«Creio que, hoje em dia, o Cristiano Ronaldo já se identifica mais com a equipa e consegue ter uma função mais de líder. Na altura, era o Figo que fazia esse papel e conseguia equilibrar muito bem a equipa e ajudar os jogadores para estarmos mais coesos», salientou o antigo central, recordando ainda outras “referências” como Fernando Couto, Rui Costa Deco, Maniche e Boa Morte.

Jorge Andrade considera que chegou a altura de Portugal vencer uma grande competição e aconselha, nesse sentido, que a equipa lusa se mostre coesa no Euro2012, na Polónia e na Ucrânia.

«Muitas vezes vamos para as competições dizer que vamos ganhar, trazer a taça. Hoje, penso que está na altura de Portugal conquistar alguma coisa. Pelo currículo individual de todos, têm de pensar que faz falta a Portugal, a nível de seleção, para dar mais um passo para o país e para os jogadores. Já ganhámos Bolas de Ouro, já tivemos melhores jogadores do Mundo, mas em termos de seleção falta esse pequeno passo que é importante Portugal dar quanto antes», frisou.

No entanto, o ex-futebolista lamenta a pouca sorte que a seleção lusa teve no sorteio da fase final do Euro2012, antevendo uma «dificuldade extrema» numa competição que é tradicionalmente «mais difícil do que um Mundial».

«São todas (Alemanha, Holanda e Dinamarca) muito difíceis. Eram seleções que ninguém queria ter no grupo, as três então é horrível. É um grupo horrível. Mas, se calhar, é preferível calhar com seleções fortes do que jogar com Grécia», avaliou.