O antigo árbitro de futebol Lucílio Batista recorda o jogo inaugural de Portugal no Euro2004 como “indescritível” e aponta esse momento, e não a sua estreia, como aquele que vai perdurar por toda a sua vida.

«O jogo inaugural de Portugal foi, para mim, uma coisa indescritível, que vai perdurar por toda a minha vida. Nós estávamos sediados em Espinho e fomos convidados para o jogo inaugural que foi no Estádio do Dragão. Aquele caminho desde Espinho...», recordou emocionado, antes de ser obrigado a parar para conter as lágrimas –«isto mexe com uma pessoa».

Único representante nacional na arbitragem na competição que teve sede em Portugal, Lucílio Batista reconheceu em entrevista à agência Lusa que sentir a mobilização da população mexeu consigo, embora aponte, «em termos pessoais», o seu primeiro jogo como o momento alto.

«Eu já tinha tido uma experiência no campeonato do Mundo de sub-17: tive o privilégio de dirigir a final, em 2001. O primeiro jogo, o Suíça-Croácia, em Leiria, foi a estreia numa grande competição (Euro2004), o que emociona. Por muita experiencia acumulada que eu já tivesse, mexeu comigo e muito. Dizer o contrário era mentira», confessou.

A notícia da sua escolha apanhou o antigo árbitro no banco onde trabalha «há cerca de 25 anos» e não o surpreendeu totalmente.

«Hoje, posso dizer que não foi uma grande surpresa, na medida em que eu sabia o trabalho que tinha feito até à altura, sabia que era um dos que possivelmente seria indicado e tive algum tempo antes, não de forma oficial, mas de forma oficiosa, a informação de que seria, muito possivelmente, um dos eleitos. Portanto, uma surpresa grande na altura não, mas foi uma grande alegria», esclareceu.

A estreia ao mais alto nível numa competição sénior foi condicionada pela prestação da seleção portuguesa, num percurso que não permitiu a Lucílio Batista ir além da fase de grupos.

«Isso é o ‘se’ que perdurará sempre. Se a bola entrasse, se a bola não entrasse, se fosse marcado o penalti, se não fosse marcado. As regras são estas e estão bem. Os árbitros não são o mais importante no futebol. O mais importante são os jogadores e neste caso as seleções. O mais importante não é um árbitro dirigir a final, é a sua seleção chegar à final e vencer», defendeu.

Eleito para apitar dois jogos na fase de grupos do Euro2004 - o Suíça-Croácia (0-0), em Leiria, e o Bulgária-Dinamarca (0-2), em Braga, -, não identificou «grandes diferenças» nesses encontros, relativamente aos da Liga dos Campeões.

As semelhanças são mais: «Nada falta a um árbitro numa grande competição. São colocados ao nosso dispor todos os meios para termos uma prestação de excelência».

Em termos de pressão, Lucílio Batista acredita o Europeu é «uma Liga dos Campeões num espaço de tempo mais restrito», mas no essencial as duas provas são semelhantes.

«Um europeu ou um mundial é o auge da carreira de qualquer árbitro e dizer que é uma preparação semelhante não, porque uma fase final de um campeonato da Europa sucede já no término da época. Tal como os jogadores, também os árbitros têm uma série de jogos acumulados, tanto a nível interno, como a nível internacional, e depois têm mais esta grande competição», explicou.

Quanto ao Euro2012, Pedro Proença, o representante luso, precisa apenas de sorte, porque já tem a experiência necessária para se apresentar ao mais alto nível.

«Como português, é importante ter os árbitros portugueses nas grandes competições, porque, acima de tudo, nós em Portugal somos muito avaliados em função disso. Porque se não formos a uma grande competição, somos os piores do Mundo. É uma tendência do português. Só se consegue afirmar, infelizmente, no exterior. A nível interno é muito complicado», constatou.

De acordo com Lucílio Batista, que viu com alegria a chamada do árbitro que já apitou a final da Liga dos Campeões, «a arbitragem portuguesa está bem cotada»

«É preciso ter sorte: no momento certo, decidir de forma correta. Não ter jogos problemáticos ou que sejam problemáticos, mas que as decisões sejam corretas e aceites, quer pela opinião pública, quer pelo comité. E ter a sorte de poder dirigir a final ou chegar o mais longe possível», é a fórmula do sucesso, segundo Lucílio Batista.

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