A Ucrânia considerou hoje um «boicote político» digno da “Guerra Fria” a atitude da chanceler alemã de não assistir aos jogos do campeonato europeu de futebol caso a ex-primeira-ministra Iulia Timochenko permaneça na prisão.

«Não queremos pensar que os dirigentes políticos alemães sejam capazes de ressuscitar os métodos da Guerra Fria e tentar fazer do desporto um refém da política», afirmou o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Oleg Volochine, citado pela agência Interfax.

Segundo a imprensa alemã, Angela Merkel decidiu não assistir aos jogos a disputar na Ucrânia, em protesto contra a forma como o regime do presidente ucraniano Víctor Yanukóvich tem tratado Timochenko, que está doente na prisão e iniciou uma greve de fome.

A Alemanha, que vai disputar a primeira fase do Euro2008 integrada no grupo B, estreia-se na competição a 09 de junho frente a Portugal, na cidade ucraniana de Lviv.

Já hoje, uma porta-voz da Comissão Europeia indicou que o presidente, Durão Barroso, não tem qualquer intenção de se deslocar à Ucrânia para assistir aos jogos do Euro2012.

A porta-voz de Durão Barroso referiu que a Comissão tem «grandes inquietações sobre o que se passa atualmente na Ucrânia», e acrescentou: «Esperamos (da parte de Kiev) evoluções para ultrapassar o que constitui uma situação muito séria».

A Polónia, que organiza a competição em conjunto com a Ucrânia, tem mantido silêncio em relação à detenção de Iulia Timochenko, que iniciou uma greve de fome a 20 de abril, alegando que foi alvo de violência na prisão e pretende denunciar a repressão política no país.

Em declarações ao jornal alemão Suddeutsche, o diretor do torneio, Martin Kallen, referiu que uma eventual suspensão dos jogos a disputar na Ucrânia conduziria inevitavelmente a um adiamento da competição.

Iulia Timochenko, de 51 anos, está detida desde agosto de 2011 e foi condenada em outubro a sete anos de prisão por abuso de poder.