Os emigrantes lesados do BES exigem que o Novo Banco participe nas negociações para encontrar uma solução para o que perderam e prometem intensificar a luta, organizando mais manifestações e levando os protestos à Seleção Nacional de Futebol.

A Associação Movimento dos Emigrantes Lesados Portugueses (AMELP) reuniu-se hoje com o advogado Diogo Lacerda Machado e no final da reunião o presidente da associação disse que "o diálogo [só] será retomado logo que o Novo Banco se mostre disponível para apresentar uma solução aceitável para os emigrantes lesados", que ainda serão cerca de 2.000.

A AMELP defende que "o diálogo, no sentido de uma possível solução que possa abranger a totalidade de recuperação das poupanças depositadas pelos emigrantes lesados, deveria ser alargado com inclusão do Novo Banco e, eventualmente, de entidades de supervisão" e, nesse sentido, recusou-se a agendar novas reuniões.

"As reuniões só serão agendadas se o Novo Banco vier às reuniões", afirmou Luís Marques, considerando que apesar de "existir uma vontade do Governo para tentar resolver a situação, há falta de vontade do Novo Banco" em fazê-lo.

Também para tentar encontrar uma solução para o seu problema, a AMELP tem marcada uma manifestação para a próxima sexta-feira, dia 10, em frente ao consulado português em Paris (França) e vai convocar um outro protesto, ainda no mês de junho, com local e data ainda a definir.

Além disso, a AMELP vai fazer chegar o protesto à Seleção Nacional de Futebol, ao selecionador nacional, Fernando Santos, e ao jogador Cristiano Ronaldo, em vésperas do início do campeonato europeu de Futebol, que tem início na sexta-feira em França.

"As pessoas estão exaustas e revoltadas. O Novo Banco anda a brincar com os emigrantes. Anda a patrocinar a Seleção Nacional de Futebol com o nosso dinheiro. Deviam ter vergonha, quando andam a dever dinheiro a quem anda a passar fome", disse à Lusa o Luís Marques, acrescentando que será pedida uma reunião ao selecionador nacional e enviada uma carta a Cristiano Ronaldo.

Além disso, a AMELP vai pedir reuniões ao Banco de Portugal, ao Presidente da República e ao primeiro-ministro.

Esta foi a segunda de duas reuniões inconclusivas com Lacerda Machado, que o Governo nomeou como mediador para tentar negociar uma solução com o Novo Banco para os cerca de 2.000 emigrantes lesados pelo Banco Espírito Santo (BES), depois de a 27 de maio a associação de lesados ter entregado novos documentos ao representante do Governo, mas criticando o Novo Banco por não ter apresentado "nada em concreto". Depois dessa reunião, a associação prometeu intensificar os protestos se da reunião de hoje não saíssem soluções.

Após a resolução do BES, a 04 de agosto de 2014, os emigrantes lesados ascendiam inicialmente a 8.000 num total de 728 milhões de euros de dinheiro investido.

Mas no verão do ano passado, o Novo Banco propôs uma solução comercial aos emigrantes detentores de vários produtos comercializados pelo BES (Poupança Plus, Top Renda e Euro Aforro), que permitia a recuperação faseada da quase totalidade das aplicações, tendo tido acolhimento por parte de 80% desses clientes.

Por resolver ficou assim o caso dos emigrantes que não aceitaram a proposta - com a própria AMELP a considerar então que a complexidade da solução não se adequava ao perfil financeiro dessas pessoas - e ainda os cerca de 400 emigrantes que subscreveram os produtos Euro Aforro 10 e EG Premium, para os quais o Novo Banco não fez proposta, considerando que não era possível pelo tipo de produto financeiro em causa.

Quanto à AMELP, exige que seja o Novo Banco (o banco de transição que ficou com ativos do BES) a contribuir para uma solução que devolva aos emigrantes as suas poupanças.