Milhares de portuenses e não só escolheram hoje assistir ao Portugal-Islândia, do grupo F do Euro2016 em futebol, em plena baixa do Porto para "dividir a ansiedade e os nervos", mas não esconderam a tristeza pelo empate.

O encontro que acabou com um 1-1, adjetivado pela maioria como "surpreendente", foi acompanhado por cerca de três mil pessoas na Praça D. João I, mesmo no 'coração' da cidade do Porto.

"É uma surpresa. Não esperava este resultado, porque somos claramente favoritos neste grupo", disse à agência Lusa Fátima Lima, estudante natural de Viana do Castelo.

Também Afonso Castro, portuense, mas a viver em Gondomar, apontou o empate como "surpreendente", aproveitando para criticar "a falta de eficácia" do ataque português, perante uma equipa que lhe pareceu "estar a defender como se estivesse numa final".

"Agora há que recuperar já sábado [jogo com a Áustria], porque temos de passar esta fase", acrescentou.

No início do jogo chegou a temer-se o pior no 'mini-estádio' montado na baixa do Porto, quando o ecrã gigante instalado de costas para a fachada do teatro Rivoli se apagou exatamente no momento em que as duas equipas entravam em campo.

Mas a 'claque portuense' não deixou de cantar 'A Portuguesa'. O hino nacional foi entoado sem 'ajuda' da TV ou da rádio, completamente de improviso, mas de forma afinada e com cachecóis e bandeiras no ar.

O ecrã reacendeu-se estava decorrido pouco mais de um minuto de jogo, sendo esse o primeiro grande momento de euforia que se viveu numa tarde em que a chuva ameaçou durante toda a primeira parte.

Seguiram-se gritos no primeiro golo português (1-0, por Nani), corrida aos brindes que as marcas ofereceram ao intervalo, um 'soco no estômago' com o empate da Islândia (1-1, por Birkir Bjarnason) e tristeza no final do jogo.

Pelo meio, aos 76 minutos, aplausos pelo anúncio de que Quaresma iria 'render' João Mário. Este sentimento contrastou e explicou a desilusão que a Lusa tinha registado cerca de meia hora antes do jogo começar.

"Aposto num 2-0 para Portugal com golos do Cristiano Ronaldo. Mas se ele não estiver inspirado, vai lá o Quaresma e resolve", referiu Lídia Oliveira, antes de perceber que o selecionador Fernando Santos não tinha incluído o ex-jogador do FC Porto no 'onze' inicial.

Ao lado, Eduardo Silva, residente em Gaia e a trabalhar em Matosinhos, explicava o porquê de preferir ver os jogos em pleno 'coração' do Porto: "Com esta moldura humana há pelo menos a ilusão de que vai correr tudo bem. Portugal tem hipóteses neste Europeu. Tenho muita confiança", disse.

"Vimos para cá para dividir a ansiedade e os nervos. A tristeza parece mais pequena quando corre mal e a alegria é contagiante quando corre bem", concluíram.

Antes, Isabel Queirós, residente em Lisboa, mas de férias no Porto com o namorado espanhol, Jorge Limez, garantira que "ver jogos junto a multidões dá sorte" e que "Portugal vai mais longe do que a Espanha" neste Europeu.

"Eu não me chateio com isso. Tenho fé na Espanha, mas se Portugal ganhar também é justo, porque afinal tem o melhor do mundo", respondeu Jorge Limez, adepto do Real Madrid e, por consequência, de Cristiano Ronaldo.

Ao longo do jogo foi maior o movimento junto às 'roulottes' de cerveja e de bifanas do que na estrada que circunda a praça. Os autocarros da STCP, empresa de transportes públicos do Porto, no entanto, foram passando vazios, mas com a frase "Força Portugal" onde habitualmente está escrito o destino.