"Hoje, o futebol masculino dá dinheiro, o feminino, custos, o futebol feminino deve dar dinheiro". A frase é da secretária-geral da FIFA, Fatma Samoura, e foi proferida durante uma conferência em Paris, a quatro meses do Mundial de Futebol Feminino, que será realizada na França (de 7 de junho a 7 de julho).

"Só lamento uma coisa: os dirigentes homens não conseguem ver esse tesouro [que é o futebol feminino] que está à frente deles, que pede para ser explorado", insistiu.

No Campeonato do Mundo de futebol masculina de 2018, na Rússia, a FIFA dedicou 351 milhões de euros ao torneio. "Para as mulheres, no Mundial Feminino de 2019, há 26,3 milhões de euros (de uma contribuição global de 43,9 ME). Não é suficiente para as jogadoras, mas nós duplicamos os valores", lembrou a dirigente.

Fatma Samoura, secretária-geral da FIFA
Fatma Samoura, secretária-geral da FIFA

Em relação aos sócios da FIFA, "o Campeonato do Mundo Feminino é hoje comercializada como um subproduto do masculino", reconheceu a dirigente.

"As pessoas compram-no num pacote como o Campeonato do Mundo de Sub-20 ou o Mundial de Clubes. O objetivo da FIFA é ter um produto específico que possa ser comercializado e arrecade o suficiente para desenvolver a sua infraestrutura", disse Fatma Samoura, durante o colóquio organizado pela 'News Tank Football', um meio de informação destinado aos profissionais.

Do 'bolo financeiro' proveniente dos direitos televisivos do futebol mundial, apenas "cerca de um por cento chega ao futebol feminino. É inaceitável. É um escândalo no século XXI. É preciso dizê-lo assim", acrescentou a dirigente.

Futebol feminino
Futebol feminino

Apesar de tudo, Fatma Samoura diz-se confiante no futuro do futebol feminino, insistindo no grande "impacto social" que o Mundial de 2019 pode causar entre os jovens e a entrada de mais mulheres nas instâncias do futebol, iniciada pela FIFA.

"Dos 700 funcionários da FIFA, mais de 320 são mulheres hoje em dia. (...) Em outubro do ano passado, lançamos pela primeira vez uma estratégia para o futebol feminino", afirmou, antes de insistir em que "é um degrau que devemos subir em todos os níveis".

Segundo os seus dados, entre 450 e 500 milhões de homens no mundo inteiro jogam futebol hoje em dia. "O objetivo da FIFA é que tenhamos até 2026, 60 milhões de mulheres a praticarem futebol", terminou Fatma Samoura.