O antigo secretário-geral da Federação de Futebol das Ilhas Caimão Costas Takkas foi hoje condenado a 15 meses de prisão, tornando-se o segundo arguido sentenciado no âmbito do escândalo de corrupção que abalou a FIFA.

Depois de ter sido detido em maio de 2015 em Zurique, Suíça, em maio deste ano o cidadão britânico de 60 anos declarou-se culpado relativamente às acusações de conspiração para branqueamento de capitais, um crime passível de 20 anos de prisão.

Contabilista de profissão, Takkas terá dissimulado cerca de três milhões de dólares (2,5 milhões de euros) em subornos pagos por empresas de marketing ao então presidente da CONCACAF Jeffrey Webb, pela concessão de direitos televisivos para jogos televisivos.

O tribunal norte-americano que emitiu a sentença teve em conta os 10 meses de detenção já cumpridos pelo antigo responsável desportivo, pelo que Costas Takkas terá de cumprir ainda cinco meses de prisão efetiva, primeiro em Nova Iorque, depois nas Ilhas Caimão.

“Estou muito arrependido. Não está na minha natureza proceder desta maneira”, declarou em tribunal Costas Takkas.

Jeffrey Webb, que reconheceu também em novembro de 2015 ter recebido mais de seis milhões de dólares (5,1 milhões de euros) em subornos, deverá conhecer a sua sentença em 24 de janeiro do próximo ano.

Na semana passada, o antigo presidente da Federação de Futebol da Guatemala Héctor Trujillo foi condenado a oito meses de prisão efetiva, tornando-se o primeiro arguido sentenciado no âmbito do escândalo de corrupção que abalou a FIFA.

O antigo dirigente desportivo e ex-juiz, de 63 anos, foi condenado por um tribunal de Nova Iorque, depois de em junho se ter declarado culpado de fraude e conspiração, admitindo ter recebido milhares de dólares em subornos de uma empresa interessada em contratos de 'marketing' desportivo.

Trujillo integra uma lista de 16 novos acusados no âmbito do escândalo de corrupção que tem abalado a FIFA, divulgado no início de dezembro de 2015 pelo Departamento de Justiça norte-americano.

O ex-magistrado foi detido nos Estados Unidos em 04 de dezembro de 2015, quando viajava num cruzeiro com a família, tendo sido libertado, dias depois, sob uma fiança de quatro milhões de dólares (3,7 milhões de euros).

De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Trujillo e Brayan Jimenez, ex-presidente da Federação de Futebol da Guatemala, terão recebido subornos “de seis dígitos” pelos contratos de televisão relativos às partidas de qualificação para o Mundial de 2018.

A FIFA foi abalada por um escândalo de corrupção em maio de 2015, a dois dias da reeleição de Joseph Blatter como presidente do organismo máximo do futebol mundial, num processo aberto pela justiça dos Estados Unidos e que levou à acusação de 14 dirigentes e ex-dirigentes.

No início de junho, Blatter apresentou a demissão, abrindo o caminho para novas eleições, que foram marcadas para 26 de fevereiro de 2016.

Em 25 de setembro, o Ministério Público suíço instaurou um processo criminal a Blatter, que foi interrogado na qualidade de arguido, por suspeita de gestão danosa, apropriação indevida de fundos e abuso de confiança.

De seguida, em 08 de outubro, Blatter, o franceses Jérôme Valcke, na altura secretário-geral da FIFA, e Michel Platini, que ocupava a presidência da UEFA, foram suspensos provisoriamente por 90 dias pelo Comité de Ética da FIFA, por implicação no escândalo de corrupção que atingiu a instituição.

Na base das suspensões estão os inquéritos que decorrem no próprio órgão da FIFA, ainda que vários outros responsáveis do organismo mundial estejam também a ser investigados pelas autoridades suíças e norte-americanas.