O antigo jogador profissional de futebol Armando Sá abriu uma academia de futebol no Canadá e disse à Lusa que quer ser uma "referência para a formação dos jovens".

"Tento ser uma referência para estas crianças todas, que sintam e vejam em mim um exemplo, e um objetivo a querer alcançar como jogador", afirmou o ex-futebolista, de 44 anos.

O antigo lateral-direito do Benfica está no Canadá há oito anos, após um convite do diretor técnico do Kleinburg Nobleton Soccer Club, o holandês Bob de Klerk, para treinar a formação do clube em Vaughan, no norte de Toronto.

"Tento-lhes transmitir toda a experiência que tenho com grandes treinadores e jogadores, com colegas que tive, para que estes jovens canadianos que, já estão a crescer bastante, entendam a grande diferença entre o futebol europeu e o futebol local", acrescentou.

Há cerca de um ano, Armando Sá criou a escola de futebol "Pro 11 Soccer Academy" após "um processo de aprendizagem ao longo de mais de 20 anos de carreira profissional", descreveu.

Com dupla nacionalidade, portuguesa e moçambicana, foi pelo país africano que foi internacional pela seleção principal por 21 ocasiões.

Além do Benfica, o defesa alinhou ainda na liga espanhola em clubes como o Espanhol de Barcelona e o Villarreal, além do Leeds United da Premier League (Inglaterra).

"Não há grandes diferenças ao nível técnico entre o futebol europeu e o praticado na América do Norte, mais concretamente no Canadá, mas em termos táticos, psicológicos e de mentalidade, ainda há muito a desenvolver", defendeu.

Armando Sá dá ainda um conselho a todos aqueles que pretendam tornar-se jogadores profissionais, dando como referência Cristiano Ronaldo, "um tipo de jogador que aparece uma vez na vida".

"Os sacrifícios que CR7 fez para ter sucesso, é de louvar, também os fiz. Para se chegar a este nível é necessário fazer sacrifícios, de perder uma parte da juventude, porque deixas de ser um miúdo normal, que vai brincar e outras coisas", confessou.

Na sua academia localizada no norte de Toronto, já tem inscritos cerca de 100 atletas nos escalões dos 11 aos 21 anos, em que lhes conta toda a sua "experiência pessoal, histórias verídicas, momentos menos bons", tentando-lhes incutir uma "mentalidade de sacrifício, de trabalho e de entreajuda".

Para já a adesão à academia tem sido positiva com muitos portugueses e benfiquistas a inscreverem-se, no entanto também esclareceu que o objetivo "é encontrar jogadores e pessoas que queiram fazer parte do futebol e não números".

O futebol no Canadá aparenta estar "no seu melhor momento", garantiu Armando Sá, um país que não se cinge apenas "à neve e ao hóquei no gelo".

"Julgo que nunca o futebol aqui esteve neste patamar. As pessoas esperaram muitos anos para que fosse criada uma liga profissional de futebol [a Canadian Premier League], um campeonato do mundo [que o Canadá vai organizar em 2026 juntamente com os Estados Unidos]. O futebol no Canadá está a atravessar uma boa fase, embora ainda tenha algum trabalho pela frente", concluiu.