O defesa português José Maria Cunha foi escolhido no ‘draft’ da Liga canadiana de futebol para o bicampeão Forge FC, num ano de 2021 em que terá também a equipa universitária e a licenciatura como desafios.

Com a nona escolha, na segunda ronda do ‘draft’, este ano realizado de forma virtual, o Forge FC, que venceu as duas edições da recém-criada Liga canadiana, escolheu o defesa português, de 19 anos, formado no Estoril Praia, vindo da equipa universitária Cape Breton Capers.

“Acho que é um grande privilégio, porque vou estar a aprender com os melhores e mostrar o meu valor num ambiente de topo do panorama nacional [do Canadá]. Da mesma forma, também vou estar, em paralelo, no campeonato universitário, e nesse contexto também estou no melhor sítio possível. (...) Tenho de provar o meu valor [no Forge FC], vou fazer a pré-época e depois saberei, mas é um bom passo para poder mostrar a minha qualidade”, explica o jovem defesa, em entrevista à agência Lusa.

Uma das possibilidades para 2021, é conseguir seguir em prova com o Forge FC, clube de Hamilton, que em março começa a preparar a ‘Premier League’ do Canadá, e em agosto seguir para Cape Breton para disputar o campeonato universitário e ter aulas.

“Essa é uma das opções. Depende do que os clubes quiserem, da qualidade que mostrar”, refere.

Aluno de “uma espécie de gestão desportiva” numa licenciatura em ‘Sports Physical Activity Leadership’ (‘Liderança em desporto e atividade física’, em tradução livre) na universidade de Cape Breton, Cunha admite que sempre quis “priorizar a parte académica”.

“Desde sempre tinha identificado que estudar na América do Norte poderia ser uma grande vantagem, porque podia fazer os dois”, jogar futebol e estudar.

Ainda tentou em Portugal, ingressando na Universidade Nova de Lisboa para estudar ciências da comunicação, mas as dificuldades em “conciliar” treinos nos juniores do Estoril Praia e as aulas em Lisboa, bem como “a oportunidade de ir para o Canadá”, acabaram por pesar.

Recém-criada e com o Forge FC como campeão em 2019 e 2020, as primeiras edições de uma liga inserida num país que tem vários clubes na Liga norte-americana (MLS), com quem disputa um outro troféu canadiano, este “nicho” pode beneficiar o português.

“É uma ótima oportunidade para lançar jovens jogadores num campeonato com cada vez mais qualidade”, admite José Maria Cunha.

O jovem admite sentir “pena que em Portugal não se consiga ter uma vida de atleta estudante como nos Estados Unidos ou Canadá”, países onde o sistema de ensino superior e de desporto universitário estão integrados, permitindo aos alunos e atletas melhorarem em ambos os campos.

“Ainda há muito para fazer para termos mais atletas e mais juniores e sub-23 com mais oportunidades para conciliarem os estudos e o futebol”, atira, propondo a criação de “um outro estatuto” para jogadores de futebol jovens.

Cunha aponta o exemplo do râguebi, em que muitos atletas representam as seleções jovens e beneficiam do estatuto de atleta de alta competição para seguir os estudos, enquanto no futebol “são sempre as mesmas equipas” a colocar atletas nas equipas nacionais, para que mais juniores, que fazem “vida de profissionais”, possam ter melhores condições.

O luso nem chegou a representar a equipa universitária, devido ao cancelamento da temporada em 2020 por causa da pandemia de covid-19, mas entrou ao lado de quatro companheiros de equipa como elegíveis para o ‘draft’, em que as equipas primodivisionárias escolhem os melhores talentos do escalão de ensino.

“Só me viram jogar em vídeos e análises. Para o evento em si, foi uma grande expectativa, estava nervoso. Não sabia bem o que esperar, mas já conhecia bem as equipas do campeonato. Nunca diria... havia a expectativa de que acontecesse algum dia, mas ser assim é muito bom”, comenta.

Esta aposta “é gratificante”, por verem “um futuro” para o jogador, que se formou no Estoril, um clube por quem tem "grande estima" e leva "para sempre".

O foco, de resto, será sempre “a licenciatura, estes quatro anos”, com um desempenho “o melhor possível” nas aulas e em campo, preferindo ver “ano a ano” do que pensar em objetivos para depois dessa fase. “Em quatro anos, muita coisa pode mudar”, atira.

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