O português Fernando Valente, treinador de sub-21 do Shakhtar Donetsk, afirmou que a experiência no futebol ucraniano está a ser um “desafio fantástico” e abordou a ideia de aliar talento ao jogo “simples e dinâmico”.

A mudança para a Ucrânia aconteceu esta época, aos 60 anos, após ter orientado Varzim, Santa Clara, Desportivo das Aves, Lousada, Sporting de Espinho e Paredes, naquela que é a sua segunda passagem pelo estrangeiro, pois esteve nas camadas jovens dos chineses do Shandong Luneng, entre 2016 e 2018.

“Está a ser uma experiência e um desafio fantástico. Encontrei um clube, que atendendo às circunstâncias políticas, está deslocalizado de Donetsk e instalado na capital, Kiev, onde reside o principal rival, o Dínamo, mas que, mesmo assim, mantém uma organização e uma dinâmica fabulosa”, contou à Lusa.

Fernando Valente elogiou as condições de trabalho “muito boas”, com quatro relvados naturais e dois sintéticos, e os funcionários do clube, que têm “uma simpatia e disponibilidade impressionantes, sempre prontos a ajudar”, sem esquecer o grupo de trabalho, composto por “jovens de muita qualidade”, dos quais “90% entre os 16 e os 19 anos a disputar” o campeonato de sub-21.

A suspensão do futebol na Ucrânia, anunciada na terça-feira, devido à pandemia da Covid-19, não podia ter ocorrido em pior altura para a equipa do técnico português, já que, no fim de semana passado, não só triunfou (2-1, diante do Zorya), como reforçou a liderança do campeonato de sub-21, passando a ter quatro pontos de vantagem sobre o Dínamo Kiev (53 para 49).

O convite recebido do Shakhtar aconteceu graças à visão de jogo que tem implementado por onde tem passado e que vai de encontro ao projeto do emblema de Donetsk.

“Este grupo de jogadores tem-me dado a oportunidade de pôr em prática uma série de conceitos, que sempre desenvolvi nas minhas equipas, em variados contextos competitivos, e que conciliam a preparação dos melhores jogadores para a primeira equipa e uma maneira de jogar que valoriza e promove o talento desses jogadores, através de uma ideia de jogo simples, dinâmica, coletiva, eficaz e que tem um lado estético, acentuado pela qualidade técnica dos jogadores”, destacou.

Com pouco mais de meia temporada, os resultados “ultrapassaram as expectativas”, graças ao primeiro lugar e ainda à promoção dos atletas, um ao plantel principal do Shakhtar e outros dois a equipas da I Divisão ucraniana.

“Só tenho agradecer a oportunidade que me deram, mas essencialmente por, mais uma vez, estar a conseguir provar que é possível jogar bem, promovendo o jogo e os jogadores, num clube fantástico. Estou feliz e apaixonado pelo ‘Espírito do Shakhtar’, que, mesmo fora do seu contexto, não se refugia em desculpas e lamentações, continua a ganhar e a marcar a diferença no futebol da Ucrânia e da Europa”, frisou.