O presidente da Federação Venezuelana de Futebol (FUV), Jesus Berardinelli Lezama, 61 anos, morreu quarta-feira em Caracas, por problemas de saúde, 16 dias depois de ter sido detido e acusado de alegadas irregularidades administrativas, anunciou aquele organismo.

O documento, divulgado em Caracas, explica que “a família do futebol lamenta tão irreparável e inesperada perda que enluta o futebol nacional (venezuelano) e nos juntamos ao luto que embarga os seus familiares e amigos”.

Segundo a imprensa local, Jesus Berardinelli Lezama foi detido a 20 de julho e dois dias depois foi internado em uma clínica onde permanecia em terapia intensiva, devido a uma insuficiência respiratória.

A Confederação de Futebol da América do Sul (Conmebol) declarou três dias de luto.

Em 17 de junho , o Controlador-geral da Venezuela, Elvis Amoroso, anunciou que “para proteger os recursos concedidos pelo Estado à FVF” solicitou à Superintendência das Instituições do Setor Bancário da Venezuela (SUDEBAN) para suspender as transações bancárias relacionadas com Jesus Miguel Berardinelli Lezama, que exerce funções como presidente do organismo reitor do futebol nacional”.

Em comunicado, a “Controladoria” Geral da Venezuela (o órgão máximo de controlo fiscal venezuelano), explicou que o pedido “deve-se a presumíveis irregularidades administrativas, que evidenciam o uso irregular de milhões de dólares outorgados pelo Estado venezuelano para desenvolver atividades desportivas da FVF, que não foram utilizados para tal fim”.

As alegadas irregularidades têm a ver com uma investigação iniciada em 2019 quando Jesus Miguel Berardinelli Lezama era então vice-presidente da FVF.

Nesse mesmo dia a FVF negou, através de um comunicado, ter recebido fundos estatais e acusou o Estado de violar a autonomia de um organismo privado, cujas contas são auditadas por organismos nacionais e internacionais.

“A FVF não recebe dinheiro de nenhum organismo público em forma de transferências, doações ou incentivos fiscais. Os nossos recursos económicos proveem da administração do nosso património (diretos de televisão e internacional, e o patrocínio desportivo com fins comerciais)”, explicou.

No comunicado a FVF disse contar com recursos da Confederação de Futebol da América do Sul (Conmebol) e da Federação Internacional de Futebol (FIFA), “que estão bloqueados há mais de dois anos” porque fazem parte da sua direção “pessoas politicamente expostas, dentro das sanções impostas pelos EUA contra o Governo” venezuelano.

Depois do FIFA Gate (escândalo de corrupção com as eleições para as sedes dos Campeonatos Mundiais de Futebol de 2018 e 2022) a FVF modificou os estatutos para que nenhum membro do Conselho de Administração tivesse ingerência nos processos administrativos, seleção de empresas ou contratos.

Segundo a FVF “o congelamento de fundos privados” viola ainda “o princípio da separação de poderes” e “a autoridade usurpada é ineficaz”.