O presidente da FIFA, Gianni Infantino, colocou-se à disposição da justiça suíça, para colaborar no processo criminal que lhe foi aberto, por alegadas reuniões informais com o procurador-geral helvético, Michael Lauber, que, entretanto, se demitiu.

"As pessoas devem recordar-se de onde estava a FIFA, enquanto instituição, em 2015, e do número de intervenções judiciais que foram necessárias para restaurar a credibilidade do organismo. Enquanto presidente da FIFA, estive e estarei sempre disponível para auxiliar as autoridades nas investigações sobre irregularidades do passado", salientou Infantino, em comunicado emitido pelo organismo.

Infantino recordou que "houve pessoas que foram acusadas e condenadas, graças à cooperação da FIFA, particularmente nos Estados Unidos", onde a intervenção do organismo "resultou em mais de 40 condenações".

"Desta forma, tanto eu como a FIFA mantemo-nos à disposição para colaborar totalmente com as autoridades suíças no que diz respeito a este caso", observou Infantino, ainda que considerando ser "perfeitamente legítimo, legal e até dentro das competências de um presidente da FIFA" reunir-se com o procurador-geral suíço.

De acordo com a investigação, liderada pelo promotor Stefan Keller, nesses encontros aconteceram possíveis infrações como abuso de um cargo público, quebra de sigilo oficial, assistência a criminosos e incitação à prática de crimes.

Na semana passada, Lauber apresentou a demissão de procurador-geral da Suíça, precisamente devido a várias reuniões informais com o presidente da FIFA, e foi retirado da investigação ao escândalo de corrupção que assolou o organismo em 2015, o denominado 'FIFAgate', por não ter declarado os contactos estabelecidos com Infantino, tendo também sido sancionado com um corte salarial de 8% pelo Ministério Público da Suíça, por ter mentido e obstruído a investigação disciplinar que era alvo.

O Tribunal Administrativo Federal (TAF) acolheu parcialmente o recurso de Lauber, reduzindo o corte para 5%, mas o procurador acabou por se demitir.

Em comunicado, Lauber disse "respeitar a decisão do TAF", mas continuando "a rejeitar veementemente a acusação de mentir".

A justiça helvética espera também abrir um processo criminal a Lauber nos próximos dias.

Em 04 de julho, a justiça suíça nomeou Stefan Keller como procurador extraordinário para avaliar supostos atos de conluio por parte de Infantino e Lauber, resultantes de denúncias anónimas.

Atualmente, estão abertos processos penais contra três ex-dirigentes do organismo que rege o futebol mundial, incluindo o antecessor de Infantino, o suíço Sepp Blatter, e o atual presidente do Paris Saint-Germain, Nasser al-Khelaifi, sendo que todos eles negaram quaisquer irregularidades.