O Benfica não ultrapassou as duas únicas eliminatórias nas competições europeias iniciadas com desaires caseiros por dois golos e só superou uma das 14 que começou com derrotas fora por dois ou mais.

Na longínqua temporada de 1961/62, os então detentores do título perderam por 3-1 no reduto dos alemães do Nuremberga na primeira mão dos quartos da Taça dos Campeões Europeus, para, no segundo jogo, na Luz, golearem por 6-0.

Após este histórico confronto, os benfiquistas - que haviam falhado uma primeira vez em 1956/57 – nunca mais conseguiram virar eliminatórias iniciadas com derrotas por mais de um golo, sendo já 14 as oportunidades perdidas de forma consecutiva.

Destas, apenas duas tiveram início na Luz, onde o Benfica perdeu por 2-0 na receção à Fiorentina, do atual presidente dos encarnados, Rui Costa, em 1996/97, e por 3-1 face ao Liverpool, na época passada, nos quartos da Champions.

Na primeira mão dos quartos de final da Taça das Taças de 1996/97, o Benfica perdeu por culpa de tentos de Francesco Baiano e do argentino Gabriel Batistuta, a fechar cada uma das partes.

Em Florença, os comandados de Manuel José ainda conseguiram reentrar na discussão da eliminatória, graças a um tento de Edgar, aos 22 minutos, mas o 2-0, que forçaria a realização de um prolongamento, nunca chegou.

Na época transata, na mesma fase em que está agora a perder com o Inter Milão por 2-0, o Benfica voltou a ceder numa primeira mão em casa por dois golos, agora por 3-1.

O francês Ibrahima Konaté, o senegalês Sadio Mané e o colombiano ex-portista Luis Díaz apontaram os tentos dos reds, enquanto o uruguaio Darwin Núñez marcou pelos encarnados, começando a chamar a atenção do Liverpool, que o contratou.

Em Anfield Road, o Liverpool voltou a chegar a 3-1, com mais um golo de Konaté e dois do brasileiro Roberto Fiminino, com Gonçalo Ramos a selar o 1-1 que se registava ao intervalo,

Na segunda parte, o ucraniano Yaremchuk e Darwin Núñez ainda conseguiram resgatar a igualdade, insuficiente para o Benfica alcançar o apuramento.

De resto, todas as outras derrotas por dois ou mais golos em jogos da primeira mão aconteceram fora, com o Benfica a lograr dar a volta logo à segunda tentativa.

Na segunda ronda da Taça dos Campeões, os então detentores do troféu começaram com um desaire na RFA por 3-1, num embate que até começou bem para os comandados do húngaro Béla Guttmann, que se adiantaram logo aos 10 minutos, por Cavém.

O Nuremberga logrou, porém, dar a volta ao marcador ainda na primeira parte, com tentos de Gustav Flachnecker, aos 31 minutos, e Heinz Strehl, aos 40, para, a cinco minutos do final, o autor do primeiro golo bisar.

Em 22 de fevereiro de 1962, os campeões da Europa estavam obrigados a marcar pelo menos três golos – um triunfo por dois forçava um jogo de desempate – e conseguiram seis, com três marcados em cada uma das partes.

O 6-0 foi conseguido com um golo de José Águas, aos três minutos, dois do rei Eusébio da Silva Ferreira, aos quatro e 55, um de Mário Coluna, aos 21, e, a fechar, dois de José Augusto, aos 63 e 78.

Embalado, o Benfica chegaria ao segundo título europeu, ao afastar o Tottenham nas meias-finais (3-1 em casa e 1-2 fora) e superar o Real Madrid na final de Berna por 5-3, com tentos de José Águas, Cavém, Coluna e Eusébio (dois).

Após os outros desaires por mais de um golo, o Benfica chegou a recuperar de uma desvantagem de três golos (0-3 fora e 3-0 em casa) perante os escoceses do Celtic, em 1969/70, mas acabou eliminado, por moeda ao ar.

Além dos confrontos com o Nuremberga, Celtic e Fiorentina, o Benfica ainda somou mais quatro triunfos nos jogos da segunda mão, após desaires por mais de um golo, mas todos pela margem mínima, logo insuficientes para evitar eliminações.

O encontro entre o Inter Milão e o Benfica, da segunda mão dos quartos de final da edição 2022/23 da Liga dos Campeões em futebol, realiza-se na quarta-feira, em San Siro, a partir das 21h locais (20h em Lisboa). Acompanhe o jogo, AO MINUTO, aqui!