O Sporting saiu de Turim com uma derrota por 1-0 no jogo da primeira mão dos quartos de final da Liga Europa. Um golo de Federico Gatti na segunda parte deu a vitória à 'vecchia signora' e castigou a falta de eficácia de um leão que dominou, mas não teve o instinto matador necessário para finalizar as muitas e boas oportunidades que teve.

A eliminatória está totalmente em aberto, contudo, a Juventus entra para o jogo da segunda mão com uma vantagem que lhe permite adotar uma postura de expetativa na qual as equipas italianas estão tipicamente confortáveis. Em Alvalade o leão terá de ser furtivo, paciente e pragmático se quiser rumar às meias-finais.

Leão põe 'a senhora' em xeque...faltou o mate

Depois de eliminar de forma surpreendente o poderoso Arsenal, o Sporting mostrou-se mais uma vez indiferente à dimensão e estatuto do adversário. Relativamente ao jogo com o Casa Pia, Rúben Amorim lançou Nuno Santos, St.Juste e Morita para os lugares de Mateus Reis, Diomande e Ugarte e o leão tentou assumir as rédeas da partida logo desde o início.

Depois de um primeiro quarto de hora de equilíbrio, a equipa portuguesa conseguiu em definitivo controlar as operações, mostrando frieza e organização, especialmente quando não tinha a bola, anulando por completo os pontos fortes do adversário através de uma pressão intensa e quase por todo o campo. Nas bancadas os mais de 40 mil adeptos da Juve iam mostrando o seu descontentamento com a exibição da equipa, alternando os assobios com o silêncio. Só se ouvia entusiasmo e apoio por parte dos muitos sportinguistas que se deslocaram a Turim.

Com o avançar do relógio, o simples anular das iniciativas ofensivas da Juve transformou-se num domínio completo do jogo, mas agora com o leão a criar verdadeiras oportunidades para marcar. Morita deu o mote com um remate perigoso à entrada da área, depois foi Coates a obrigar Szczesny a defesa atenta, pouco depois foi o defesa Bremer a fazer as vezes do guardião polaco e negar em cima da linha um golo certo a Nuno Santos.

Era o melhor momento dos leões na partida, o domínio era evidente, mas o pecado esteve sempre na finalização. Antes do intervalo ambos os treinadores foram forçados a mexer. Primeiro foi a Juventus a trocar de guarda-redes, devido a uma indisposição de Szczesny; já em período de compensação St.Juste lesionou-se após um sprint e deu o seu lugar a Diomande.

Tantas nozes para um leão desdentado

O início da segunda parte acabou por ser a continuação da primeira, o Sporting continuava por cima, mas a Juventus estava mais disposta a contrariar a superioridade do adversários. A primeira oportunidade coube a Pedro Gonçalves, obrigando Perín a voar para uma boa defesa..

Chegados à hora de jogo, ambos os técnicos fizeram substituições, e foi a Juventus quem saiu a ganhar. O Sporting parecia confortável no jogo, mas já não tinha o mesmo domínio da primeira parte. Pouco a pouco, e à boa maneira italiana, a Juve foi se acercando da área de Adán, muito graças às iniciativas individuais de Federico Chiesa, e foi precisamente a partir daí que surgiu o único golo da partida.

Aos 73 minutos, e após canto conquistado pelo avançado italiano, Di María cruzou para Vlahovic que aproveitou a saída em falso de Adán para cabecear para a baliza; a defesa do Sporting não conseguiu afastar a bola e Gatti aproveitou a sobra para fazer o único golo do jogo. Turim revivia um exemplo perfeito do famoso 'catenaccio'.

Apesar do golo sofrido contra a corrente do jogo, os leões não esmoreceram e partiram em busca do empate, mas agora perante uma Juve mais confortável, a jogar na expetativa. Apesar disso, os comandados de Rúben Amorim iam encontrando espaços no último reduto italiano, acabando sempre por falhar na hora de finalizar. Nesse capítulo, o pior estava mesmo reservado para o final. Em período de compensação, Pedro Gonçalves e Bellerín fizeram o mais difícil e falharam, consecutivamente, um golo cantado para os leões na cara de Perín...se tentassem repetir o lance, é de crer que não o conseguiriam.

O resultado acaba por castigar a ineficácia gritante do Sporting, premiando o clássico pragmatismo italiano da Juventus que soube aproveitar o único erro dos leões. Tudo será resolvido em Alvalade daqui a uma semana; para o jogo em Lisboa pede-se ao Sporting a mesma atitude e intensidade...mas agora com golos, se não for pedir muito.

O momento:

Num espaço de breves segundos, um só lance resumiu todo o jogo do Sporting. Em período de compensação, Arthur fugiu pela direita e cruzou para Pedro Gonçalves que, na cara de Perín, atirou à figura. Mas, como um mal nunca vem só, o inspirado guarda-redes da Juve foi também capaz de travar a recarga de Bellerín...verdade seja dita que o guardião transalpino teve a vida facilitada pois a recarga também foi à figura.

O melhor:

Não se pode dizer que é um titular habitual no Sporting, mas Hidemasa Morita justificou, e de que maneira, uma aposta mais frequente de Rúben Amorim. O japonês substituiu Ugarte no miolo e cumpriu na perfeição a tarefa que lhe foi dada. Morita dominou por completo o meio-campo, ganhando praticamente todos os duelos com Rabiot. Destruiu, construiu e, no final, até foi lá à frente tentar a sua sorte. Encheu o campo.

O pior:

Depois de ter marcado três golos ao Casa Pia para o campeonato, Francisco Trincão chegava a Turim carregado de motivação. Contudo, a exibição apagada do avançado deu a entender que o jogo do Jamor terá sido uma vez sem exemplo. Apesar de esforçado, Trincão não conseguiu dar rasgo e repentismo ao futebol leonino, acabando por vezes por adornar lances que pediam outro tipo de definição.

Declarações dos treinadores

Rúben Amorim: "Foi bastante claro durante o jogo pelo número de oportunidades e pelo controlo do jogo. Tivemos o controlo sobre o jogo, não deixámos a Juventus criar muitas oportunidades. Defendemos bem os nosso duelos e depois criámos oportunidades e não fizemos golo. É um bocado o retrato da nossa época"

Massimiliano Allegri: "É uma equipa técnica, tenho de parabenizar os rapazes por esta vitória. Esta noite resolvi colocar três na frente, na primeira parte precisávamos de fazer melhor nos últimos passes e no desenvolvimento do jogo. Não podemos perder o equilíbrio ou as certezas que nos trouxeram até este ponto da temporada"