António Piedade, Paulo Dias e Luís Lima correram o equivalente a nove maratonas, que demoraram o tempo de 60 jogos de futebol e de seis viagens de avião à África do Sul, "não para ganha um título ou um prémio, mas por um ideal".

De Faro a Bragança, passando por Évora, Lisboa, Figueira da Foz, Aveiro, Gaia e Braga, cada um percorreu, em média, 40 quilómetros por dia, em regime de estafeta.

Um motorista da Carris, um analista de programação e um tipógrafo têm em comum a prática do atletismo e decidiram mobilizar Portugal no apoio à selecção nacional para o campeonato do mundo com aquilo que sabem fazer: correr.

Chegaram à meta em Bragança com menos quilos, mas sem sinais visíveis do cansaço de quem bateu com os pés no solo cerca de 32 mil vezes por dia, em 28 estradas nacionais.

"O meu objectivo era unir os portugueses, portanto não sinto cansaço. Foi óptimo", disse António Piedade à chegada a Bragança.

Também Paulo Dias realçou o objectivo cumprido, apesar de algumas mazelas musculares.

A nova meta que esperam alcançar ainda hoje é entregar o testemunho assinado por todas as autarquias das cidades por onde passaram à selecção nacional.

Estes atletas foram convidados pelo patrocinador da selecção das “quinas” a assistir ao jogo de preparação de hoje, na Covilhã, com Cabo Verde, e esperam ter a oportunidade de passar o testemunho agora aos "24 (jogadores) e ao professor Carlos Queirós" para que possam dar "o máximo esforço possível".

Nenhum viajará até África, mas prometem ver os jogos pela televisão, depois de uma longa corrida que teve na recta final as maiores exigências.

Os últimos 200 quilómetros foram os mais difíceis por causa das subidas do terreno e do calor, que foi mais intenso em Trás-os-Montes que no Alentejo, com temperaturas de 35 graus em alguns dias.

Luís Lima acredita que conseguiram arrebatar o país e destes 10 dias ficam ainda outras recompensas como a emoção de uma senhora, que os aplaudia na estrada, e que recebeu de oferta o chapéu de um dos corredores, ou os cerca de 25 mil beijinhos que receberam ao longo de todo o percurso.

Os três são benfiquistas e embora gostem de futebol dizem não ser adeptos fervorosos, com excepção da selecção nacional.

Para correrem Portugal de lés a lés contaram com o patrocínio da BetClic e a colaboração de câmaras municipais, GNR e PSP, nomeadamente uma equipa de batedores da Guarda que os acompanhou de Faro a Bragança.