O seleccionador francês Raymond Domenech irá hoje à comissão dos Assuntos Culturais da Assembleia Nacional francesa explicar-se sobre as razões do fracasso da selecção de futebol no mundial da África do Sul.

Também foi convocado para dar explicações aos deputados o presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Jean-Pierre Escalettes, que se demitiu do cargo.

O mandato do técnico francês à frente da selecção terminou com o fim da participação francesa no actual campeonato mundial de futebol.

A FFF pediu que as audições parlamentares ocorressem à porta fechada, uma vez que estava previsto que a comunicação social pudesse assistir.

Depois da eliminação e da derrota perante a África do Sul por 2-1, Domenech recusou fazer um balanço dos seus seis anos à frente da selecção e, em particular, do falhanço histórico da equipa da França no campeonato do mundo de 2010.

A incapacidade de divulgar este balanço foi compensada pelo destaque ganho com a recusa de cumprimentar o seleccionador da África do Sul, o brasileiro Carlos Alberto Parreira.

Um gesto que não melhorou a sua imagem nem junto da opinião pública, nem junto de uma classe política já indignada pelo comportamento dos jogadores franceses fora do terreno de jogo.

Mas além destas provocações, os deputados quererão saber como é que perdeu o controlo e a autoridade sobre os jogadores.
A audição de Domenech, que ocorre um dia depois da do ministra dos Desportos, Roselyne Bachelot, será em todo o caso o acto da sua acção à frente da selecção, seis anos depois da sua chegada ao cargo de seleccionador, em Julho de 2004.

A FIFA já fez entretanto saber, através do seu presidente, Jospeh Blatter, que se opõe a qualquer ingerência política na organização da FFF.

“Em França, o futebol tornou-se um assunto de Estado, mas deve continuar nas mãos da Federação Francesa de Futebol”, disse Blatter.

O dirigente da FIFA adiantou que “se se confirmar que há uma intervenção [do Estado], nós ajudaremos a federação. Se o problema não puder ser resolvido, a única solução será suspender a federação”.