Hermínio Loureiro fez estas declarações, entre outras, à SIC Notícias, quando solicitado a fazer um balanço da participação da selecção nacional no Mundial da África do Sul, nas quais não poupa duras críticas ao seleccionador Carlos Queiroz.

“A selecção jogou sem alegria e de forma muito defensiva (…) só marcámos golos à Coreia do Norte, os 7-0 foram enganadores” (…) contra o Brasil jogámos muito à defesa quando podíamos ter arriscado”, disse Hermínio Loureiro, para quem “faltou futebol de ataque” à selecção das “quinas”.

O anterior presidente da Liga admite que Portugal fez “uma primeira parte razoável” frente à Espanha no jogo dos oitavos de final (1-0), apesar de ter sido uma equipa “excessivamente calculista”, e considera que “não teve capacidade de reacção”, depois de David Villa ter batido Eduardo.

Para Hermínio Loureiro, a Espanha “mereceu ganhar” e a derrota portuguesa deixou-lhe “um sentimento amargo”, por ter a noção de que Portugal “podia ter ido mais longe” no Mundial se não tivesse deixado tanto a desejar do meio campo para a frente”.

“Há uma questão fundamental: uma equipa só é forte quando o colectivo funciona e esse pode ter sido um dos pontos fracos da selecção nacional neste Mundial”, disse Hermínio Loureiro, sintetizando a sua ideia sobre a participação lusa no Mundial2010.

Para este ponto fraco diz não encontrar explicação, tanto mais que o Mundial é uma competição onde os jogadores querem brilhar, dando os bons exemplos de Eduardo, Fábio Coentrão e Tiago, que “souberam aproveitar o momento para se valorizarem”.

O ex-presidente da Liga admite mesmo o cenário de uma eventual rescisão contratual entre a FPF e Carlos Queiroz, cujo contrato é válido até Junho de 2012, ano em que se disputa o próximo Europeu, a decorrer na Ucrânia e na Polónia.

“A contratação deste seleccionador foi feita numa perspectiva de médio/longo prazo, não só para dirigir a selecção principal, mas, também, para coordenar todo o futebol da FPF, o que abrangia vários escalões das selecções jovens”, disse Hermínio Loureiro, dando o exemplo das equipas de sub-21 e sub-23.

Esta perspectiva mais abrangente justifica, segundo Hermínio Loureiro, que o contrato com Carlos Queiroz “fosse alargado por mais dois anos”, tendo em conta o “enquadramento geral”, mas defende que o contrato pode não se cumprir “se as duas partes entenderem que não há condições e chegarem a um acordo”.

Hermínio Loureiro abordou, também, a questão dos jogadores naturalizados, mostrando-se à vontade sobre a mesma “por ter sido contactado pela FPF antes do Euro 2004 para a naturalização de Deco”.

“Entendo que os naturalizados ou fazem a diferença e jogam ou, se é para estarem no banco, não se naturalizam”, referiu o ex-presidente da Liga, numa alusão ao facto de Carlos Queiroz não ter, praticamente, utilizado na África do Sul os três brasileiros naturalizados.

Lembrou que Liedson “deu um contributo decisivo” para o apuramento da selecção para o Mundial e que estar a naturalizá-lo para o ter no banco “não vale a pena”.