Instalado numa moto AJP PR4 de 200 centímetros cúbicos, os objectivos de Osvaldo Garcia eram três: demonstrar o potencial do equipamento da AJP Motos S.A., que é a única fabricante de motociclos em Portugal, homenagear a banda Xutos & Pontapés, que inspira a versão PR4 usada na viagem e apoiar a selecção nacional no seu primeiro jogo no Mundial de 2010.

No primeiro caso, Osvaldo diz-se rendido: “Eu já acreditava que as motos da AJP eram boas, mas foi um milagre não ter tido que apertar um parafuso em toda a viagem, nem ter tido sequer um furo num pneu”.

O motociclista admite que substituiu a transmissão da sua AJP PR4 quando atravessava a Beira, mas garante que o fez para se libertar do peso do kit adicional que levava na bagagem e que, em todo o caso, não traria para Portugal no seu voo de regresso – “é que o preço por despachar aquele peso todo não compensa o que aquilo vale”.

Osvaldo também se diz surpreendido com o desempenho da moto portuguesa, porque “os pisos em África são muito maus, o esforço exigido a um motor com tão baixa cilindrada é muito grande e, mesmo assim, a mota aguentou tudo sem uma mossa sequer”.

“Não conheço nenhuma que consiga fazer uma viagem destas sem dar problemas. É que nem um pingo de óleo ela deitou para o chão”, adiantou.

Para Osvaldo Garcia, a parte negativa da sua aventura foi a burocracia das fronteiras: “Não estava a contar que fosse tão mau. Na passagem do Congo para a República Democrática do Congo, por exemplo, eles complicaram-me tanto a vida que uma viagem que seria só de 35 minutos, para atravessar o rio de barco, levou-me quase um dia inteiro”.

“Tinham lá uma espécie de Polícia Judiciária e estiveram duas horas a fazer-me perguntas, para saber quem eu era, de onde vinha e até que plafond tinha no cartão de crédito”, referiu.

Outra dificuldade da viagem - que conta agora cerca de 18 mil quilómetros, depois de algumas alterações ao trajeto inicialmente previsto – foi a alimentação.

“Já perdi 15 quilos. Vale a pena uma viagem destas para quem quer fazer dieta”, diz, com humor, revelando que em certos dias só teve direito a pequeno almoço e jantar e que noutros chegou mesmo a conduzir durante 10 a 12 horas em jejum.

Ainda assim, o pior foi o isolamento: “Pensei que o que me ia custar mais era o calor, mas acabou por ser a falta da família. Não ter rede no telefone, nem internet para mandar um mail, foi muito difícil”.

Osvaldo defende que “África é uma terra de que se aprende a gostar e que depois custa a largar”, mas adianta que o regresso a casa está iminente e pode até impedi-lo de assistir à estreia da selecção no Mundial.

“Na quinta-feira vou estar com os jogadores para lhes dar a bandeira de Portugal e da Câmara de Penafiel, mas não sei se chego a ver o jogo da selecção”, declara.

“Não estava a contar com algumas alterações profissionais que se deram nestes dois meses em que estive fora e agora tudo vai depender do tempo que eu demorar a despachar a mota”, adiantou.

Para Osvaldo, o principal não deixa de estar feito: “A ideia era atravessar África e entregar a bandeira, portanto, até quinta faço a minha parte”.

O jogo de Portugal frente à Costa do Marfim pode não ser uma das memórias que o motociclista leva consigo, mas o que já ninguém lhe tira são “dois meses muito intensos de uma experiência diferente”.

“Esta foi a viagem de uma vida. Uma aventura que, provavelmente, não volto a ter oportunidade de repetir”, disse.

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