Campeão do Mundo em 1994 e vice-campeão em 1998 e companheiro de Dunga no "escrete canarinho" durante 10 anos, o antigo guarda-redes defendeu, em entrevista à Agência Lusa, que, uma vez feita a convocatória, as críticas devem acabar.

"Ele convocou aqueles jogadores em que confia e, passada a convocatória, todos nós temos agora de torcer por aquela selecção. Acabou a crítica, porque não levou este, porque não levou aquele, e ele sabe que se não ganha a Copa do Mundo sai, mas se ganha fica", disse.

Segundo Taffarel, "esse é o risco que se corre quando se está no futebol", mas Dunga "está pronto para essa batalha".

O ex-guarda-redes considera que Dunga deu "bastantes oportunidades" a Ronaldinho "e ele não aproveitou", pelo que o seleccionador optou pelo tipo de jogador "que em cinco minutos demonstra por que está na selecção brasileira".

"E estes jogadores [os convocados] demonstraram. Os que ficaram, o Ganso e o Neymar, vão ter o tempo necessário. São dois grandes talentos que nas próximas selecções certamente vão estar presentes", sublinhou.

Os jovens Neymar e Ganso, ambos do Santos, estão, segundo Taffarel, a destacar-se muito no Brasil, "mas ainda não vestiram a camisola da selecção principal, ainda não têm a experiência necessária para jogar neste Mundial", e Dunga é um treinador que "gosta de conhecer os jogadores".

Taffarel recordou que a equipa campeã mundial em 1994 também "não era apontada como uma boa selecção" e "muitos" dos seus jogadores foram criticados antes de viajarem para os Estados Unidos.

"Eu acho que o Brasil é um país muito grande, tem muitos jogadores, e certos Estados têm aquela coisa do bairrismo, querem que levem aquele jogador do seu Estado", afirmou.

Para o ex-guarda-redes, a selecção do Brasil fez uma "boa" qualificação e "está bem", possuindo "um grupo que já se conhece" e é formado por "jogadores realmente comprometidos" com a equipa.

"É determinante essa união entre os jogadores acontecer justamente no Mundial, porque é ali que os defeitos, os erros, aparecem numa proporção muito grande. A mínima coisa errada pode ser realmente fatal e o Dunga não quer que isso aconteça. Se os jogadores também não quiserem, aí realmente vai ser um Brasil forte", disse.

Embora pense que "talvez não sejam dois jogadores titulares absolutos na selecção", Taffarel considera Luisão e Ramires "importantes" para a equipa.

Luisão é apontado como "um grande 'zagueiro', forte, já com experiência", enquanto o médio Ramires é "muito rápido, muito ligeiro", e no Benfica terá ganho a experiência "que lhe faltava" enquanto jogava no Brasil.