Foi a segunda decisão através da marca de grandes penalidades deste Mundial2010, depois de o Paraguai ter eliminado o Japão nos oitavos da prova. Desta vez, o Gana perdeu na roleta dos penaltis. Depois de Gyan ter desperdiçado, ao minuto 120 (o último do prolongamento) o penalti que poderia dar a vitória ao Gana, o guarda-redes uruguaio negou dois dos tentos ganeses e salvou o dia.

O ambiente no Soccer City, com casa cheia, estava do lado da equipa africana, a última a ser afastada prova, e quando Gyan falhou o penalti o silêncio que reinou ilustrava bem o ambiente vivido.

Nem os vários “feiticeiros” que circulavam pelas bancadas a lançar magia para o relvado conseguiram ajudar o Gana a chegar às meias-finais.

John Mensah e Adiyiah falharam os remates para o Gana e Maxi Pereira desperdiçou uma das oportunidades do Uruguai. O guarda-redes Muslera acabou por salvar a noite depois do sacrifício de Suarez.

O encontro entre a equipa sul-americana e africana, arbitrado pelo português Olegário Benquerença, esteve equilibrado e por isso, depois de 120 minutos, o jogo acabou empatado a um golo. Mutari marcou para o Gana e Forlán para o Uruguai.

Quanto ao “jogo jogado”, ao minuto 17, num canto marcado por Forlán, Mensah desviou com o peito para a própria baliza com Kingson a fazer uma defesa "por instinto", negando o primeiro aos celestes.

A segunda grande oportunidade para a selecção de Fucile, Alvaro Pereira (FC Porto) e Maxi Pereira (Benfica) deu-se ao minuto 25. Suarez ganhou espaço na área e rematou mas o guardião ganês negou o golo aos sul-americanos.

O Gana, que esteve mais activo nos últimos minutos do primeiro tempo, também desperdiçou duas excelentes oportunidades para marcar. Ao minuto 29, depois de um canto, Vorsah cabeceou e a bola passou rente ao poste direito de Muslera. Um minuto depois, Gyan também tentou a sua sorte.

Em tempo de desconto, Muntari rematou com força a cerca de 35 metros da linha de golo e Muslera só viu a bola passar e parar ao embater nas redes.

Nota ainda para uma queda aparatosa de Fucile, quase no final do primeiro tempo, em que o defesa do FC Porto perdeu momentaneamente os sentidos. Tudo não passou de um susto e voltou a entrar dentro de campo. “Caí ao chão de cara e bato com o ombro, ficou tudo preto, não estava a ver nada, o médico perguntou se estava tudo bem, acho que fiquei uns momentos inconsciente mas depois fiquei bem”, disse Fucile no final do encontro.

A primeira parte terminou com um golo africano e a segunda começou com um golo sul-americano. Ao minuto 54, a estrela Diego Fórlan bateu um livre descaído à esquerda e a bola entrou no canto superior direito da baliza ganesa, sem hipóteses para Kingson.

Com um empate a um golo no marcador ao fim de noventa minutos, as duas equipas foram a prolongamento mas o receio impediu-as de disputarem de forma aberta.

O suspeito do costume do Uruguai, Diego Forlán, teve nos pés a melhor oportunidade do tempo extra mas desperdiçou chutando a bola para fora, em vez de passar a um companheiro que lhe pedia a bola.

Já em cima dos 120 minutos, deu-se o momento mais tenso deste Mundial 2010. No meio de uma grande confusão na grande área uruguaia, Suarez tirou a bola em cima da linha de golo com a mão e Olegário Benquerença expulsou o avançado e assinalou grande penalidade a favor do Gana. Uma decisão corajosa de Olegário Benquerença que, apesar de tudo, joga a favor da arbitragem lusa.

No entanto, o melhor marcador da equipa africana, Gyan, na conversão enviou a bola à trave enquanto Suarez saía do relvado a chorar mas acabou por celebrar quando soube que o ganês falhou. No final do encontro, Gyan não conteve as lágrimas mas foram muitos os colegas a lembrar que o Gana chegou a este jogo "graças a ele".

Desde 1970 que o Uruguai não atinge as meias-finais e disputará com a Holanda um lugar na final do Mundial 2010. Talvez por isso a festa no final do encontro tenha valido como se tivessem conquistado o título.