O Campeonato do Mundo é um dos acontecimentos desportivos que mais polémica tem suscitado nos últimos anos e que agora conhece um novo capítulo com o livro «Jogada Ilegal», do autor português Luís Aguilar.

Desde as polémicas atribuições dos países organizadores do Campeonato do Mundo, aos casos de corrupção nos bastidores da FIFA, o livro de Luís Aguiar tem como intuito alertar os adeptos sobre a transformação do futebol em negócio por parte da FIFA, e para o perigo da formação de uma «pequena máfia» em Zurique com Sepp Blatter como líder.

«Costumo dizer que a FIFA é muito semelhante a outros grupos de crime organizado. Mas se calhar enquanto alguns grupos de crime organizado traficam droga, trafica armas, a FIFA trafica o Mundial de futebol. E faz uso dessa paixão que os adeptos têm para enriquecer e para continuar no poder e continuar a ter todo o tipo de influências ao longo dos anos», afirmou Luís Aguilar na apresentação do seu livro.

Acompanhado pelo jornalista do jornal A Bola, José Manuel Freitas, e Paulo Futre, ex-jogador de futebol, Luís Aguilar explicou donde surgiu a ideia para escrever sobre a corrupção na FIFA.

«Sempre me interessei pelo Mundiais de futebol, pelo jogo em si, e não por aquilo que estava por trás, e depois com o tempo fui vendo as movimentações de bastidores que existiam no futebol, o tráfico de influências, os favores políticos, as ligações a governos, e a forma como o futebol e esta paixão do povo, uma paixão universal era utilizada para fins pessoais, e para fins políticos e financeiros», frisou o autor português.

Num trabalho de investigação que durou alguns anos, Luís Aguilar conta ainda no seu livro que, «tudo aquilo que se relaciona com a FIFA, como todas as votações, desde mundiais de futebol, eleições para presidentes, eleições para bolas de ouro, para treinadores e jogadores» está envolvido em corrupção, «está envolto em possíveis subornos aos altos dirigentes».

Paulo Futre: «Para mim o título do livro seria FIFA Nostra»

O antigo futebolista, Paulo Futre, marcou presença na apresentação do livro de Luís Aguilar e não deixou de afinar pelo mesmo diapasão do autor português.

«Em vez do nome do livro ser ‘Jogada Ilegal’, eu metia ‘FIFA Nostra’ pois acho que seria o ideal. A mim sempre me fez confusão como é que funciona com as Federações. Cada presidente da Federação, no momento em que é eleito está 40 anos e para sair ou é por doença ou é por morte, e assim funciona o mundo do futebol e na FIFA por exemplo, nos últimos 60/70 anos, tivemos dois presidentes da FIFA», afirmou o antigo jogador do Sporting, FC Porto, Benfica e Atlético Madrid.

José Manuel Freitas: «Acho que a corrupção na FIFA não vai acabar com este livro»

Na apresentação do livro de Luís Aguilar, o jornalista do jornal A Bola, José Manuel Freitas, utilizou uma citação de Romário para descrever a hipocrisia da FIFA na organização dos campeonatos do mundo.

«O mundo do futebol é muito mais complexo do que só os 90 minutos em que jogadores e treinadores tentam levar a sua equipa à vitória, eu aproveito para ler uma citação de um grande futebolista mundial, ex-campeão do Mundo, que dá pelo nome de Romário, e que depois do futebol provou que ao contrário do que muitas pessoas pensam, há futebolistas que têm cérebro, então ele diz que ‘A FIFA chega monta o circo, não gasta nada e leva tudo. A FIFA não é só dona do Mundial mas como também do país anfitrião durante o período da competição graças às garantias governamentais que existem. Em suma, tudo aquilo que está a acontecer no Brasil é o reflexo de que um povo abriu os olhos e percebeu que mais do que o Campeonato do Mundo quem manda na FIFA quer ir ao Brasil e vir de lá como no passado com os barcos cheios de ouro, diamantes e das riquezas que os brasileiros têm, tudo porque em Zurique está um sujeito que realmente da minha parte não merece qualquer credibilidade’, por isso acho que a corrupção na FIFA não vai acabar com este livro».