O Brasil vai tornar-se em 2014 o quinto país a organizar o Mundial de futebol pela segunda vez e primeiro da América do Sul, 64 anos depois da traumatizante derrota da “canarinha” na única edição sem final.
Em 1950, mais precisamente a 16 de julho, o Estádio Maracanã, que vai voltar a ser o palco do jogo decisivo, engalanou-se para fechar o quarto Mundial, mas o Uruguai estragou a festa, perante 173.850 espetadores, a maior assistência de sempre na prova.
Os “canarinhos”, que só precisavam de empatar o terceiro e último jogo do grupo final, estiveram a vencer por 1-0, mas acabaram por perder por 2-1, num jogo que ficou conhecido como o “maracanazo”.
Agora, mais de meio século depois, os pentacampeões e únicos totalistas voltam a ser anfitriões da competição, algo que só tinha acontecido a quatro outros países, o norte-americano México e os europeus Itália, França e Alemanha.
Os mexicanos foram os primeiros a repetir a organização e os que receberam uma segunda vez o Mundial no menor curto de espaço de tempo: mediaram apenas 16 anos entre o “tri” do brasileiro Pelé, em 1970, e o “solo” de Diego Armando Maradona, em 1986.
Na edição seguinte, em 1990, foi a vez de Itália “bisar”, mas os transalpinos tiveram de esperar 56 anos, já que haviam organizado a segunda edição, em 1934. Venceram da primeira vez, mas, na segunda, foi a RFA a triunfar.
A França foi o terceiro país a receber um segundo Mundial, mas ainda aguardou mais tempo do que os italianos, pois mediaram seis décadas entre 1938 e 1998. Valeu a pena esperar, já que os gauleses aproveitaram a segunda para chegar ao seu único título.
O terceiro país europeu a organizar duas edições foi a Alemanha, em 2006, depois de uma primeira ainda como República Federal Alemã (RFA), em 1974, ano em que chegou ao título, mas não evitando ser humilhada pela vizinha RDA (0-1).
Em 2006, já sem muro de Berlim pelo meio, os germânicos fizeram da prova uma festa, ostentando orgulhosamente os seus símbolos, mas, no final, ganhou em Itália, numa espécie de vingança pelo que tinha sucedido em 1990.
Agora, será a vez do Brasil, no regresso do Mundial ao continente americano, que recebe a prova pela oitava vez: além de mexicanos e brasileiros, também foram anfitriões Uruguai (1930), Chile (62), Argentina (78) e Estados Unidos (94).
Neste “campeonato”, é, porém, a Europa que lidera, pois já soma 10 organizações e somará uma 11.ª em 2018, ano em que o Mundial terá pela primeira vez a Rússia como sede.
Italianos, franceses e alemães receberam todos a prova em duas ocasiões, enquanto Suíça (1954), Suécia (58), Inglaterra (66) e Espanha (82) ostentaram as outras. Apesar do “rei” Eusébio, os ingleses aproveitaram para ganhar o seu único título.
Em conjunto, europeus e americanos monopolizaram, aliás, as 16 organizações do século XX, para, em 2002, a FIFA abrir, finalmente, a prova a outros continentes.
A Ásia foi o primeiro contemplado, com o Mundial a jogar-se pela primeira vez em dois países, a Coreia do Sul, cuja seleção terminou num sensacional quarto lugar, e o Japão. O mais feliz foi Ronaldo, o “Fénomeno”, que deu o “penta” ao Brasil.
Oito anos volvidos, foi a vez de África: de 11 de junho a 11 de julho, a África do Sul, de Nelson Mandela, foi o anfitrião da 19.ª edição da prova, ganha pela primeira vez pela Espanha, que selou o primeiro triunfo europeu fora da Europa.
Depois do Brasil, o Mundial volta à Europa em 2018 e, quatro anos depois já tem destino marcado para o Qatar, que selará a segunda organização asiática. Ficará a faltar apenas a Oceânia.
A Austrália, que já foi palco de duas edições dos Jogos Olímpicos - em Melbourne (1956) e Sidnei (2000) -, concorreu à organização dos dois próximos Mundiais, mas não foi contemplada. Apesar dos interesses instalados, a sua vez chegará.