A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou hoje um panfleto no qual critica o governo pela "inversão de prioridades", com gastos destinados ao Mundial, em detrimento de investimentos em saúde, educação, transporte e segurança para a população.
"O sucesso do Mundial não se medirá pelos valores que injetará na economia local ou pelos lucros que proporcionará aos seus patrocinadores", inicia o documento, formulado pela Pastoral do Turismo da CNBB, a ser distribuído nas 12 cidades-sedes do Mundial de Futebol deste ano.
Na sequência, a entidade religiosa brasileira clama para que seja garantido o "direito às manifestações pacíficas de rua", e pede maior atenção das autoridades diante do potencial aumento da exploração sexual durante o evento.
"O êxito [do Mundial] estará na garantia de segurança para todos sem o uso da violência [...], na criação de mecanismos que impeçam o trabalho escravo, o tráfico humano e a exploração sexual, sobretudo, de pessoas socialmente vulneráveis".
No mesmo texto, a CNBB faz críticas diretas a questões relacionadas à realização do Mundial no Brasil, listando, entre as questões que merecem "cartão vermelho", a exclusão de "milhões de cidadãos nos processos decisórios sobre as obras" realizadas para o evento e a "apropriação do esporte por grandes corporações privadas, a quem o governo vem delegando responsabilidades públicas".
Os bispos brasileiros ressaltam ainda preocupação em relação às famílias que sofreram remoções para a construção de obras de estádios ou de mobilidade, e com o "aprofundamento de desigualdades urbanas e a degradação ambiental".
No documento, a entidade informa que atuará na defesa de populações vulneráveis, especialmente as que se encontram em situação de rua, para que estas não sejam retiradas dos ambientes públicos durante o Mundial, sendo mais tarde "devolvidas às ruas, como objetivos que a trabalham a realização do evento".
Os bispos católicos do Brasil prometem ainda realizar esforços no sentido de conscientizar os turistas estrangeiros para que não pratiquem turismo sexual.
Uma primeira passeata, nesse sentido, está prevista para ocorrer em Brasília, no dia 11 de junho, na véspera da abertura do primeiro jogo que abrirá o torneio.
O panfleto informa aos apoiadores os números que devem ligar caso presenciem situações de violação dos direitos humanos ou de exploração sexual.