A greve dos trabalhadores do metropolitano de São Paulo, onde começará na quinta-feira o Mundial de futebol, entrou hoje no quinto dia com confronto entre grevistas e polícias numa das estações mais movimentadas da cidade.

O confronto ocorreu esta manhã, quando manifestantes fecharam uma avenida da zona sul da cidade, próxima da Avenida Paulista, centro económico e financeiro do país.

Na estação "Ana Rosa", um grupo de aproximadamente 100 grevistas tentou impedir que alguns trabalhadores voltassem ao trabalho, conforme foi determinado pela Justiça, que declarou a greve abusiva.

Do lado de fora, a rua foi bloqueada com pedaços de madeira e focos de fogo. Os bombeiros foram chamados e controlaram as chamas.

Os polícias brasileiros usaram bombas de gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes e detiveram cerca de 70 grevistas, segundo o presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

Os manifestantes foram ouvidos e libertados em seguida.

No início desta tarde, uma nova manifestação decorria na Praça da Sé, de maneira pacífica. Além dos trabalhadores do metro, o protesto recebe o apoio do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

A greve do metro, que chega hoje ao seu quinto dia, gera preocupações sobre a mobilidade na cidade em que se realizará abertura dos jogos do Mundial de Futebol deste ano, prevista para esta quinta-feira, com uma partida entre Brasil e Croácia.

A paralisação, iniciada na última quinta-feira, foi decretada ilegal e abusiva pela Justiça. O Tribunal Regional do Trabalho determinou ainda que o sindicato pague uma multa diária de 500 mil reais (165 mil euros), caso a ordem seja descumprida.

Diante da situação, o Governo de São Paulo anunciou a demissão "por justa causa" dos funcionários que não voltaram ao trabalho hoje. Cerca de 40 empregados já terão sido notificados, segundo a imprensa brasileira.

De Genebra, onde participa de um encontro de trabalho da Organização Mundial do Trabalho (OIT), o Ministro do Trabalho brasileiro, Manoel Dias, afirmou que há interesses políticos por trás da greve.

O ministro defendeu o direito à manifestação, mas ressaltou que é preciso respeitar o direito de ir e vir da população, sugerindo que há abusos por conta da visibilidade internacional que o país está a ter nesse momento.