O vice-presidente de operações do Maracanã, gerido por um consórcio liderado pela Odebrecht, acredita que o Mundial de Futebol de 2014 no Brasil vai ajudar a recuperar público no estádio, atualmente muito abaixo da média de há 20 anos.

Sinval Araújo, numa conversa com jornalistas portugueses no Rio de Janeiro, afirmou que «há 20 anos a média de público por jogo de futebol no Maracanã era de 60 mil espectadores» e que é objetivo do concessionário responsável pela gestão do estádio - entretanto todo remodelando - «recuperar essa média».

Questionado pelos motivos que levaram ao afastamento do público, o responsável disse que, regra geral, se começou a assistir à «degradação dos estádios e a um aumento da insegurança», razões que levaram os brasileiros a «começar a ficar em casa, para assistir aos jogos pela televisão».

Estes motivos, no entanto, já não se verificam no Maracanã, o que anima a empresa gestora do complexo, referem.

A juntar ao facto de o Maracanã hoje ser um estádio "novo" após a remodelação que sofreu, o Brasil vai receber o Mundial2014 e o Maracanã será o palco da final. A competição, acredita o vice-presidente de operações, vai ajudar a recuperar público.

«A Copa vai deixar legados nesse sentido (de levar mais espetadores aos jogos). Acredito que a Copa vai trazer um público novo ao estádio, que depois do evento irá voltar», afirmou.

A média dos últimos três meses - na prática, o tempo que o consórcio tem na gestão - aponta para cerca de 20 mil espetadores por jogo, sendo que o 'novo' Maracanã tem cerca de 76 mil lugares.

Mas o responsável faz um balanço positivo destes três meses. «Tem corrido bem, é um projeto muito desafiador e estamos muito satisfeitos por isso», sublinhou Sinval Araújo, acrescentando que «o potencial do Maracanã é muito grande, o futebol no Rio é muito forte».

Esta opinião é partilhada pelo diretor de operação do Maracanã, o português Luís Silva, que foi um dos responsáveis pelo estádio do Dragão, no Porto.

O Complexo Maracanã S.A., liderado pela Odebrecht Properties, mas que também integra as empresas IMX e AEG, tem a concessão deste estádio por um período de 35 anos.

A revitalização do complexo permitirá, segundo os responsáveis, o uso permanente do espaço.

O consórcio paga 5,5 milhões de reais (1,8 milhões de euros) anuais ao Governo do Rio de Janeiro pela gestão do Maracanã e investiu 594 milhões (198 milhões de euros) só em obras na zona envolvente do estádio.

Questionado quando pensa poder ter retorno do investimento, Sinval Araújo acredita que seja daqui a «nove a dez anos».

Atualmente, o Maracanã é o estádio do Flamengo - que os brasileiros dizem ter o maior número de adeptos -, Fluminense, Botafogo e estão a decorrer negociações com o Vasco da Gama.

Sob a administração da concessionária, foram já disputados 26 jogos do campeonato nacional de futebol, com o público total deste jogos a ascender a cerca de meio milhão de pessoas.

Em 25 jogos, considerando os realizados pela Copa do Brasil e pelo Campeonato Brasileiro, o Maracanã contou com 509.520 bilhetes vendidos. A média de público 'pagante' - os que geram receita, já que o Brasil obriga a 'gratuitidades' - do estádio nestes 25 jogos é de 20.380, 42% acima da média do Brasileirão, que é de 14.256, segundo a mesma fonte.

Por lei, o Maracanã tem que dar bilhetes gratuitos aos menores de 12 anos (acompanhados dos responsáveis), a maiores de 65 anos, e a PNE (Pessoas com necessidades especiais), «contemplados com lugares reservados, ao lado de seus acompanhantes, e acessos especialmente criados para garantir maior conforto e segurança», referem.