O risco de uma epidemia de dengue durante o Mundial2014 nas cidades-sedes de jogos é pequeno, segundo um estudo liderado por pesquisadores brasileiros da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e publicado na revista científica inglesa "The Lancet Infectious Deseases".
Christovam Barcellos, coordenador do Observatório de Clima e Saúde da Fiocruz, e Marília Sá Carvalho, do Programa de Computação Científica da entidade, concluíram que haverá baixa incidência da doença, ou seja, menos de 100 casos por cada 100 mil habitantes, em cinco das sedes do Mundial: Brasília, Cuiabá, Porto Alegre, Curitiba e São Paulo.
Outras quatro cidades-sedes possuem previsão de incidência média, ou seja, entre 100 e 300 casos por cada 100 mil habitantes. São elas Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Manaus.
O Ministério da Saúde do Brasil define como alto risco de epidemia quando são previstos mais de 300 casos em cada 100 mil habitantes. Entre as 12 cidades-sedes dos jogos, três registaram essa possibilidade: Recife, Fortaleza e Natal, com probabilidades de 19%, 46% e 48%, respectivamente, de isso ocorrer.
O estudo, realizado entre fevereiro e abril deste ano, descreve um sistema de alerta desenvolvido para apontar o risco de epidemia de dengue em 553 microrregiões do Brasil, incluindo as 12 cidades onde os jogos serão realizados. O modelo criado incorpora informações climáticas, que permitem apontar o risco de contágio em determinada região com até três meses de antecedência.
A pesquisa foi realizada por uma equipa interdisciplinar de pesquisadores da Fiocruz, do Ministério da Saúde do Brasil, do Instituto Catalão de Ciências, da Espanha, e do Met Office, do Reino Unido.
"Esse artigo foi inicialmente pensado em resposta a um certo alarmismo da imprensa internacional sobre o risco aumentado de dengue. Resolvemos utilizar os modelos que desenvolvemos anteriormente para avaliar esse risco", afirmou a pesquisadora Marília Carvalho, citada pela Fiocruz.
Na cidade de São Paulo, o número de casos de dengue janeiro e maio triplicou este ano, em relação ao registado no mesmo período de 2013. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, foram 6.005 casos da doença nos primeiros cinco meses do ano, ante 1.794 no ano anterior.