O especialista em saúde pública brasileiro Paulo Buss desvalorizou o risco de um eventual surto de dengue durante o Mundial de Futebol, mostrando-se confiante nas condições meteorológicas e nas medidas que estão a ser tomadas pelas autoridades.

«Não tememos uma epidemia de dengue. O sistema de saúde brasileiro tem tomado todas as medidas para reduzir as populações de mosquitos, que é o que tem de fazer», disse o diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, instituição do Ministério da Saúde do Brasil.

Em entrevista à Lusa em Lisboa, onde esteve esta semana para apresentar um livro sobre segurança alimentar na CPLP, Buss recordou que o Mundial decorre em junho, mês em que a doença «tem um dos maiores refluxos».

«É o mês mais frio e o mosquito no frio é muito mais preguiçoso», disse, acrescentando que «é em junho e julho que [o Brasil] tem a menor incidência de dengue».

Admitindo que possam ocorrer alguns casos, Paulo Buss afirmou que as capitais onde irão decorrer jogos «estão a trabalhar muito ativamente desde agora para reduzir a população de mosquitos usando todas as técnicas de drenagem urbana», assim como métodos químicos e biológicos de redução do mosquito.

O alerta para a possibilidade de um surto de dengue no Brasil durante o campeonato mundial de futebol foi lançado por um especialista da Universidade de Oxford, Simon Hay, que num artigo publicado na revista Nature colocou três cidades do Nordeste sob aviso: Fortaleza, Salvador e Natal.

No artigo, o autor defende que o Brasil deveria fazer campanhas de alerta aos turistas sobre os riscos da doença e aumentar as medidas de controlo.

O alerta foi publicado na semana em que novos dados divulgados pelo governo brasileiro revelaram que o número de mortes por dengue no Brasil praticamente duplicou, de 292 em 2012, para 573 entre janeiro e outubro deste ano.

Os casos graves também aumentaram, de 3.957 para 6.566, um aumento de 65% em relação ao ano passado.
Em 2010 foram registadas 638 mortes e 16.758 casos graves.