O antigo futebolista brasileiro Romário, que exerce atualmente funções como deputado federal, manifestou hoje o seu ceticismo em relação aos benefícios da organização do Mundial2014 para os cidadãos brasileiros.
Num artigo assinado no diário Folha de São Paulo, o antigo avançado do FC Barcelona e campeão do Mundo pela seleção “canarinha” em 1994, nos Estados Unidos, afirmou que o Brasil «não irá retirar todo o proveito do potencial do Mundial».
Romário denunciou a frustração sentida pelo povo brasileiro perante os problemas preocupantes que ocorreram a nível da edificação das infraestruturas para o Mundial.
«O pessimismo dos brasileiros é baseado em factos: a inabilidade dos decisores é que esteve na origem dos atrasos em inúmeros projetos e que aumentou consideravelmente os custos do Mundial», disse Romário, que denunciou também outros planos para expulsar à força 170 mil brasileiros para avançar com projetos de desenvolvimento urbano para o Mundial e os Jogos Olímpicos de 2016.
O antigo futebolista, hoje com 47 anos, não tem «papas na língua»: «Posso dizer com convicção que um país só é bom para os turistas se primeiro for bom para o seu próprio povo. Estou certo de que os brasileiros ficarão desapontados ao ver mais uma oportunidade desperdiçada para melhorar a qualidade de vida do país».
No início de 2012, Romário já tinha afirmado que o Brasil não estava «100 por cento pronto» para o Mundial por causa dos «atrasos nas obras de vários estádios e em projetos relacionados com transportes públicos».
Para contrariar as afirmações de Romário, o seu antigo colega Ronaldo, o “fenómeno”, que é membro do Comité de organização do Mundial, proferiu opiniões em sentido oposto num artigo da Folha de São Paulo, citando uma pesquisa em que 70 por cento dos brasileiros consultados expressavam o seu «orgulho» pelo facto de o país organizar o Mundial e sua convicção de que a mesma teria “um impacto positivo”.
«Sim, nós podemos organizar o Mundial. Sim, é bom para o Brasil e para os brasileiros», escreveu Ronaldo, para quem o evento irá «aumentar a autoestima dos compatriotas e trazer uma mudança de mentalidade».
Ronaldo, de 36 anos, marcou os dois golos com que o Brasil bateu a Alemanha na final do Mundial2002, no Japão e na Coreia do Sul, e abandonou o futebol depois de representar Real Madrid, FC Barcelona e Inter de Milão.