Em 1982, nomes como os de Ferenc Puskas, Zoltan Czibor, Sandor Kocsis e Nandor Hidegkuti eram apenas ilustres memórias de uma outra Hungria. Uma Hungria que encantara o futebol europeu nos anos 50, mas sem nunca conseguir chegar ao trono nos Mundiais, perdendo duas finais: 1938 e 1954.

No célebre Campeonato do Mundo em Espanha, que consagraria o ‘tri’ para a Itália de Zoff, Rossi e Conti, a Hungria fez a sua penúltima participação na prova, tendo feito a sua derradeira aparição quatro anos mais tarde (México’86). E foi mesmo em solo espanhol que o avançado Laszlo Kiss escreveu uma das últimas páginas da história do futebol húngaro nesta competição.

O internacional húngaro, que se destacou ao serviço de Pécsi MFC, Kaposvári Rákóczi FC, Vasas SC e nos franceses do Montpellier HSC, precisou de apenas sete minutos para firmar o seu nome nos registos dos Mundiais, com o hat-trick mais rápido de sempre e por ter sido também o primeiro - e até hoje único – jogador a saltar do banco de suplentes para marcar três golos.

No dia 15 de junho de 1982, a Hungria cumpria a sua estreia na prova, diante da frágil seleção de El Salvador. Em Elche, no Nuevo Estadio, a equipa magiar saboreou um pouco da sua glória de outrora e impôs a maior goleada de sempre em Campeonatos do Mundo: 10-1. 

O favoritismo era por demais óbvio perante uma nação mais preocupada com a guerra civil interna do que o futebol. Assim, a cidade de Elche presenciou praticamente um treino para os húngaros, mas um treino que seria memorável a vários níveis.

Quando Laszlo Kiss saltou do banco para o relvado, aos 55 minutos, já a sua Hungria vencia por 5-0. Porém, o avançado não deixou de aproveitar a fragilidade dos salvadorenhos e em sete minutos (69’, 72’ e 76’) rubricou um hat-trick. Curiosamente, também houve um golo de um colega (Szentes) pelo meio do seu feito, que ainda assim perdura no tempo como o mais rápido de sempre em Campeonatos do Mundo.

A proeza de Kiss é ainda mais assinalável por tê-lo feito depois de ter começado o jogo como suplente e apenas ter sido opção na segunda parte. O jogo foi ainda marcado pelo singelo golo do salvadorenho Ramirez, o único do país nos Mundiais.

Contudo, “como tudo o que é bom acaba depressa”, assim foi a história da Hungria neste Espanha’82, ao ser eliminada na primeira fase, depois de perder com a Argentina e empatar com a Bélgica. Quatro anos mais tarde, deu-se o adeus aos magiares. Até quando?

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