O Brasil carimbou a passagem aos quartos de final do Mundial, com um apuramento sofrido diante do Chile, alcançado apenas nas grandes penalidades, onde se impôs por 3-2 depois de um empate no tempo regulamentar a um golo. A sorte protegeu os audazes brasileiros e castigou um enorme Chile, que merecia mais neste Campeonato do Mundo.

Ciente do seu favoritismo, o Brasil entrou melhor na partida e tentou impor o seu ritmo diante de um Chile muito bem organizado. A seleção de Jorge Sampaoli apresentava uma defesa férrea e apostava nas transições rápidas do seu ataque por Alexis e Vargas.

Embora sem grandes ocasiões, o Brasil não precisou de muito tempo para chegar ao golo. Quando estavam decorridos 18 minutos, David Luiz, na sequência de um canto, desvia para a baliza de Claudio Bravo e faz o 1-0 para os anfitriões. Era a festa dos milhares de brasileiros no Mineirão, em Belo Horizonte.

Porém, os chilenos não se desagregaram. Com grande atitude e astúcia, não deixou de tentar a sua sorte e assim encontrou o caminho para o empate. Aos 32', Hulk e Marcelo tiveram uma grande desatenção na linha lateral que foi de imediato aproveitada por Vargas, que assistiu Alexis na área para o remate cruzado para a igualdade na partida.

Curiosamente, o golo teve um efeito positivo nos brasileiros e negativo nos chilenos. A equipa de Luiz Felipe Scolari cresceu no jogo, muito por culpa de uma certa desorientação tática chilena, que parecia perder as referências nas marcações e permitia cada vez mais espaços a Hulk, Neymar e Óscar. Todavia, o 1-1 era o resultado que figurava no marcador ao intervalo.

O regresso dos balneários foi o espelho do arranque do jogo, com o Brasil a dominar territorialmente e a marcar cedo. Com efeito, Hulk introduziu a bola na baliza de Bravo aos 55', mas o árbitro Howard Webb considerou que o avançado brasileiro dominou a bola com a mão antes do remate, perante os enormes protestos do 'escrete'.

Foi então que o Chile assumiu de forma surpreendente o controlo do jogo. Aos 57', a saída de Vargas para a entrada do médio Gutierrez parecia um passo atrás na tática, mas representou dois passos em frente na estratégia. O Mineirão via agora um Chile dominador, mais pressionante e afoito, ao qual só faltava maior contundência no ataque para ser feliz.

Scolari mexeu mais tarde com as entradas de Ramires e Jô, mas só nos derradeiros minutos é que o Brasil conseguiu criar mais perigo. Ainda assim, o empate continuaria a ditar a sua lei.

No prolongamento, o Chile fez das fraquezas forças e tentou esconder o desgaste físico com maior segurança e sacrifício, enquanto o Brasil não escondia a urgência - e alguma falta de clarividência - para chegar à baliza. Curiosamente, esteve à vista um novo Maracanazo em cima do apito final, com Pinilla a atirar à trave de Júlio César. Falta de sorte para o Chile e os deuses a darem a mão ao Brasil em 2014, ao contrário de 1950.

Tudo adiado para as grandes penalidades. Aí, foi Júlio César a salvar o Brasil com duas defesas e o chileno Jara a ver o poste negar a sorte ao Chile. O Brasil acabou por vencer por 3-2 nos penáltis e segue assim para os quartos de final do Mundial.