A suspeita de troca de votos entre as candidaturas ibérica e do Qatar, sempre negada pelos respectivos responsáveis, foi apenas mais uma polémica no processo de atribuição dos dois Mundiais, que levou mesmo à suspensão de dois membros da Comissão Executiva da FIFA.

A 15 de Outubro, o jornal britânico Sunday Times publicou uma notícia com o título “Mundial: votos à venda”, segundo a qual Amos Adamu, membro nigeriano da Comissão Executiva da FIFA, pediu 570 000 euros para apoiar uma candidatura.

Reynald Temarii, do Tahiti, vice-presidente da FIFA e presidente da Confederação da Oceânia, terá, por seu turno, pedido 1,6 milhões de euros para uma academia de desportos e afirmado que dois candidatos à organização do Mundial já ofereceram dinheiro à Oceânia para obter o seu voto.

Os desenvolvimentos da notícia e a proporção criada em torno da matéria obrigaram a FIFA à abertura de um inquérito.

A 14 de Novembro, o organismo que gere o futebol mundial começou a investigar a alegada troca de votos e, quatro dias depois, chegou à conclusão de que as duas candidaturas estavam ilibadas.

“Depois de investigarmos as suspeitas contra Portugal e Espanha não encontrámos bases para a demonstrar que houve conluio”, disse então Cláudio Sulser, presidente do Comité de Ética da FIFA.

No mesmo dia, a FIFA puniu os dois membros da Comissão Executiva que se tinham manifestado disponíveis para vender os seus votos – a jornalistas disfarçados de intermediários, que gravaram as conversas em vídeo -, suspendendo Amos Amadu e Reynald Temarii por três e um ano, respectivamente.

No âmbito do mesmo processo, foram ainda suspensos quatro funcionários do organismo: Slim Aloulou (dois anos), Ahongalu Fusimalohi (três), Amadou Diakite (três) e Ismael Bhamjee (quatro).

A 19 de Novembro, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, colocou um ponto final no assunto e disse que as negociações entre as candidaturas à organização dos Mundiais de 2018 e 2022 são “normais” e “inevitáveis”, dado que oito delas têm representantes na Comissão Executiva.

“Não se podem evitar os conluios. O que se deve evitar é que exista algo negativo neles, mas, neste caso, a Comissão de Ética deixou claro que não existe nada de negativo”, disse Blatter.

Ao Mundial de 2018 concorrem as candidaturas conjuntas de Espanha e Portugal e da Bélgica e da Holanda, além da Inglaterra e da Rússia. À edição de 2022 apresentam-se Austrália, Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão e Qatar.

A Comissão Executiva da FIFA anuncia às 15:00 de Lisboa de 02 de Dezembro, em Zurique, a atribuição da organização dos Mundiais de 2018 e de 2022, depois de as várias candidaturas fazerem a última apresentação na véspera e na manhã do dia decisivo.