O árbitro assistente internacional huilano Jerson Emiliano dos Santos acredita que a sua participação no Campeonato do Mundo de Futebol, terminado domingo na Rússia, abriu uma importante porta para a arbitragem angolana.

Em entrevista exclusiva à Angop, o jovem assistente de 35 anos, recém-chegado ao Lubango, admitiu que não é fácil estar na fase final de uma prova como aquela, já que a seleção começa com três ou dois anos de antecedência, e todo aquele que é escolhido acaba por deixar uma marca, um indicador para os outros colegas do mesmo país.

“Temos bons árbitros jovens internacionais promovidos recentemente, mas defendo que devemos continuar a trabalhar para elevar a qualidade da nossa arbitragem no país e quando recebemos as indicações da Confederação Africana de Futebol (CAF) devemos ter em conta que é um passo para outros patamares”, sublinhou.

Na entrevista, Jerson realçou que a sua carreira internacional começou na Taça COSAFA, em 2009, onde chegou a apitar a final, o que foi um propulsor que permitiu que olhassem mais para Angola, por isso pensa que a sua presença na Rússia abre portas para que outros juízes angolanos sejam selecionados, mas que o importante mesmo é garantir a confiança da CAF.

Quanto ao seu desempenho, Jerson Emiliano dos Santos dos Santos admitiu que foi uma participação positiva e foi além das suas expectativas, pois a princípio estava a pensar somente em ter um “bom primeiro jogo” e isso ocorreu, o que foi crucial para as indicações seguintes.

Sobre se teve alguma dificuldade durante os 34 dias que esteve na Rússia, apontou a adaptação ao clima, embora sendo verão, não era o habitual ao que conhece. Falou igualmente da ansiedade no início de cada jogo, pois a responsabilidade de querer fazer tudo perfeito acabou por alterar o equilíbrio no sistema nervoso.

“Durante os jogos procurei sempre me acalmar e isso contribuiu muito para o êxito que tive. Somos uma equipa que está junta desde 2013, é já um grupo coeso, embora estejamos só juntos em jogos africanos. Com eles aprendi muito mais, é um dos melhores árbitros da Zâmbia e isso contribuiu muito para o meu desempenho”, sustentou.

Questionado sobre como é que está a lidar com a fama, o jovem assistente disse acreditar que nada mudou no seu carácter, mas espera que a sociedade faça o “julgamento”, aproveitando a ocasião para agradecer todo apoio que recebeu enquanto esteve no Mundial.

“(…) Chegou muita mensagem e senti o carinho do povo angolano, o que acho que foi vital para o meu desempenho, vou procurar estar sempre ao mais alto nível técnico e físico e tentar gerir da melhor forma possível o impacto mediático, para que não interfira ou prejudique a minha carreira”, ressaltou o entrevistado.

Quanto à família, disse ter recebido mensagens de apreço e apoio que “estão muito orgulhosos”.

“Falo concretamente da minha esposa, das minhas filhas, pessoas que digo sempre que fazem parte da minha equipa, porque não basta treinar, estudar, o que eleva o meu desempenho é a paz que tenho na família. Ela dá-me orientações e aconselha-me, é muito positivo para a minha carreira e acredito que essa relação foi vantajosa para esse sucesso”, acrescentou.

Único angolano "convocado" para o Mundial, de um total 63 árbitros-assistentes e 33 juízes, Jerson Emiliano dos Santos é professor de Matemática, contando atualmente com 35 anos de idade, casado e pai de duas filhas.

Pela FIFA, Jerson Emiliano começou a sua carreira como assistente internacional em 2014, nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanjing, China, tendo-se seguido o Mundial de Sub-17, em 2015, no Chile, Mundial de Clubes no Japão em 2016, e Mundial de sub-20, em 2017, na Coreia do Sul.

Na Rússia, foi o primeiro assistente do zambiano Jammy Sikazwe e que também teve como 2º assistente o sul-africano Zakhele Siwela, que ajuizaram os jogos Bélgica vs Panamá, Japão vs Polónia, na primeira fase, equipa de reserva no França vs Perú e Rússia vs Croácia, esse último dos quartos de final.

Na família não é o único árbitro, tem uma irmã mais velha, Marília Jorgina, que comissaria jogos da segunda divisão.

Esta foi a segunda vez que um árbitro angolano participa numa fase final de um Mundial, depois de Inácio Cândido, em 2010, na África do Sul.

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