Um jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) acusou hoje alguns países ocidentais de "politizarem" o Mundial de Futebol, que arrancou na quinta-feira em Moscovo, afirmando que estes "atacam constantemente" a Rússia.

"O pluralismo é um dos conceitos promovidos pelo Campeonato do Mundo. O ocidente tem de aprender a respeitar a Rússia", afirma o Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.

Num editorial intitulado "a política deve ficar de fora do Campeonato do Mundo", o jornal lembra como "alguns países ocidentais" acusaram Moscovo de envenenar o antigo espião russo Serguei Skripal, radicado no Reino Unido, apesar de "não terem evidências sólidas".

Em reação àquele caso, Londres anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos. Alguns políticos britânicos sugeriram que a equipa inglesa não participasse no Mundial.

"Mas o número de funcionários que boicotaram a Rússia são uma minoria (…). Líderes de mais de 20 países, incluindo um enviado especial do Presidente chinês, Xi Jinping, e o vice-primeiro-ministro, Sun Chunlan, assistiram à cerimónia de abertura", escreve o Global Times.

O jornal lembra ainda que o Parlamento Europeu anunciou na quinta-feira que iria adotar uma resolução sobre a situação dos direitos humanos na Rússia.

"A manobra, incompatível com o espírito festivo no mundo do futebol, foi ignorado", aponta.

Na semana passada, durante uma visita de Estado a Pequim, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que as relações entre os dois países se encontram ao nível "mais alto de sempre", numa aproximação motivada em parte pelo ressentimento comum antiocidental.

Os Jogos Olímpicos de Pequim ficaram também marcados por várias críticas da comunidade internacional ao alegado desrespeito da China pelos Direitos Humanos e à repressão exercida no Tibete.

Meses antes do início do evento, a maior manifestação em várias décadas contra o domínio da China sobre aquela região resultou em pelo menos 140 mortos, segundo o Governo tibetano no exílio.

Por causa deste episódio, a passagem da tocha olímpica ficou marcada por protestos em diversas cidades, como Atenas, Istambul, Buenos Aires, Paris, Londres e São Francisco.