A Benfica SAD informou os investidores sobre os principais riscos associados à emissão do empréstimo obrigacionista de 40 milhões de euros, com o prospeto enviado quarta-feira ao supervisor do mercado a realçar os riscos desportivos, financeiros e judiciais.

No documento, a SAD das 'águias' alertou que a ocorrência dos vários riscos identificados "poderá ter impactos substanciais e adversos nas atividades da Benfica SAD, na evolução dos seus negócios, nos seus resultados operacionais, na sua situação financeira, nos seus proveitos, no seu património e/ou na sua liquidez, bem como nas perspetivas futuras da Benfica SAD ou na sua capacidade de atingir os objetivos visados".

Desde logo, existe o risco associado aos resultados obtidos nas competições desportivas nacionais e internacionais de futebol profissional e da dependência da projeção mediática e desportiva do Benfica, sobretudo, ao nível do apuramento para a Liga dos Campeões de futebol, mas também ao nível das transferências de futebolistas.

"O desempenho desportivo poderá ser afetado pela alienação ou aquisição dos direitos desportivos de jogadores considerados essenciais para o rendimento da equipa profissional de futebol, o que, em conjunto com os resultados obtidos nas competições nacionais e internacionais, tem um impacto considerável nos rendimentos e ganhos de exploração da Benfica SAD, designadamente os que estão dependentes das receitas resultantes das alienações de direitos de atletas, da participação nas competições europeias, designadamente na UEFA Champions League, e os provenientes de receitas de bilheteira e de bilhetes de época", sublinharam os 'encarnados'.

Paralelamente, a menor projeção mediática e desportiva da equipa principal de futebol do Benfica pode implicar uma menor capacidade negocial da Benfica SAD na sua relação com os seus parceiros e demais contrapartes, o que pode afetar adversamente a sua atividade.

Os riscos relacionados com as operações financeiras da Benfica SAD e o risco de crédito e perdas de imparidade também são mencionados, tal como os riscos judiciais.

"Encontram-se presentemente em curso inquéritos de natureza criminal", salientou a Benfica SAD, especificando os vários processos em que se encontra envolvida, e que passam por acusações de alegada prática de fraude fiscal e de falsificação de documentos, tendo já sido arquivada a acusação relativa a um alegado crime de branqueamento e a dois crimes de fraude fiscal qualificada.

A Benfica SAD apontou também para a existência de um processo designado "Cartão Vermelho", no âmbito do qual são investigados atos que, alegadamente, Luís Filipe Vieira terá cometido enquanto foi presidente do Conselho de Administração da Benfica SAD, embora não nessa qualidade.

"A Benfica SAD não assume a qualidade de visada ou arguida no referido processo", vincou a entidade, acrescentando que tem os fundos necessários provisionados para enfrentar as possíveis condenações na Justiça dos processos em que se encontra envolvida.

Ainda assim, os ‘encarnados’ reconhecem que “não obstante e sem prejuízo do afirmado, qualquer processo de natureza judicial, arbitral ou administrativa pendente ou que venha a ser instaurado no futuro contra o emitente, tendo em consideração, nomeadamente, aspetos tais como a respetiva relevância e duração, poderá ter impactos na reputação e imagem da Benfica SAD e implicar consequências adversas a vários níveis no desenvolvimento das suas atividades, ainda que a Benfica SAD possa confirmar, no que respeita aos processos em curso que não se encontram em segredo de justiça, não estejam em causa sanções de natureza desportiva".

Ao todo, são oito milhões de obrigações colocadas no mercado, a cinco euros cada, com uma taxa de juro fixa bruta de 5,75%, dividida entre a aquisição de novas subscrições e uma oferta pública de troca.

Esta última diz respeito a uma emissão anterior, de 2020, com o período de ofertas, para aquisição ou troca, aberto de 02 a 12 de maio, e os ‘encarnados’ têm até dia 10 para poder escolher aumentar o montante lançado no mercado.