Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto, não conteve hoje a emoção quando recordava o treinador de futebol José Maria Pedroto, numa tertúlia a marcar a passagem de 30 anos sobre a sua morte.

O dirigente participou nesta iniciativa de homenagem ao ex-técnico, que se realizou no Instituo Superior da Maia, e perante um auditório repleto emocionou-se quando falava do caráter humano de Pedroto.

"Foi um lutador incansável, até na doença que sofreu. Tinha um lado humano e um enorme sentido de família", disse Pinto da Costa, até o embargar da voz o obrigar a pausar a intervenção, completando, de seguida: "homens como Pedroto fazem falta em Portugal".

Antes, o presidente do FC Porto recordou a forte personalidade de José Maria Pedroto, aludido à rivalidade com os emblemas de Lisboa.

"Era um homem de coração, causas e paixões. Nortenho a 100 por cento, combatia o centralismo de forma clara. Hoje, se fosse vivo, tenho a certeza que o faria, mas não posso partilhar o que dizia ou ainda levava um processo disciplinar", ironizou o dirigente.

Pinto da Costa considerou que desaparecimento físico do antigo treinador "continua a estar permanente presente".

Nesta tertúlia marcaram presença vários ex-jogadores que foram orientados, no FC Porto, por José Maria Pedroto, como Rodolfo Reis, Fernando Gomes, João Pinto ou Lima Pereira, assim como vários dirigentes, como Lourenço Pinto, presidente da Associação de Futebol do Porto.

Dos clubes que o técnico também trabalhou, Álvaro Braga Júnior representou o Boavista e Júlio Mendes e o técnico Rui Vitória representaram o Vitória de Guimarães

Fernando Gomes, ex-jogador do FC Porto, lembrou José Maria Pedroto como um técnico que "mudou mentalidades nos jogadores, deu-lhes total liberdade, mas exigindo máxima responsabilidade, alterou métodos de treino, inovou dinâmicas, era um homem adiantando no tempo".

O ‘bi-Bota de Ouro’ considerou que "tal como os grandes jogadores também os grandes treinadores são eternos, e Pedroto pertence a esse lote".

Também a viúva Cecília Pedroto, assim como os três filhos marcaram presença nesta tertúlia, cabendo ao filho Rui deixar um testemunho de agradecimento, com uma mensagem final a Pinto da Costa.

"Se o meu pai aqui estivesse, certamente o veríamos a fumar, pensativo, um cigarro e estaria consigo a congeminar uma qualquer estratégia, como tantas vezes acontecia. A si, aos amigos, e a toda família portista o nosso obrigado por manter o nome dele imortalizado", concluiu.

Como treinador, Pedroto foi campeão com o FC Porto em 1977/78 e 1978/79 e conquistou a Taça de Portugal cinco vezes, três com o FC Porto (1967/68, 1976/77 e 1983/84) e duas com o Boavista (1974/75 e 1975/76).