O regresso da Primeira Liga de Futebol, agendado para o próximo dia 03 de junho, vai obrigar a Polícia de Segurança Pública a adaptar-se ao novo normal, neste estado de saída progressiva de desconfinamento. Os 91 jogos que restam para acabar a época (90 da I Liga e a final da Taça de Portugal) serão realizados sob alto escrutínio das autoridades sanitárias, após o cumprimento de um rigoroso protocolo de segurança.
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Os jogos não terão público nas bancadas mas nem por isso deixam de ser uma preocupação para a PSP. Sem poder ir aos estádios e com os cafés ainda sem ordens para abrir, os adeptos deverão arranjar formas de se adaptarem, juntando-se em locais estratégicos de concentração. O problema irá crescer se houver ajuntamentos de adeptos de claques rivais nas imediações de um estádio.
"Considerado que não podem aceder aos recintos desportivos, os adeptos, tendencialmente procurarão zonas onde podem ser vistos e apoiar a sua equipa, nas imediações dos recintos desportivos ou em locais emblemáticos. A PSP vai ter de garantir a segurança desses locais e evitar o não cumprimento das recomendações da DGS relativamente aos ajuntamentos e distanciamentos sociais", recorda Pedro Grilo, Chefe de Divisão de Policiamento de Ordem Pública, do Departamento de Operações da PSP, em conversa com o SAPO Desporto.
O Chefe de Divisão de Policiamento de Ordem Pública, do Departamento de Operações da PSP, lembra que "para cada jogo é feito uma avaliação de risco, que tem um conjunto de indícios técnicos que deverão ser observados para determinar, não só o número de efeitos que devem policiar o jogo mas também os melhores locais para os colocar e a forma como devem encarar cada jornada".
Desconcentração vs concentração
A Liga de Clubes já determinou que, para cada jogo, só deverão estar 185 pessoas dentro do recinto desportivo à hora do espetáculo. Desses, sete ou oito serão agentes da PSP, como nos garantiu Pedro Grilo. O restante efetivo da PSP estará no lado de fora do estádio para evitar possíveis aglomerações e garantir que são cumpridas as recomendações das autoridades sanitárias. E esse número "vai depender do número de acessos, a configuração do recinto, a dimensão do mesmo, o tipo de jogo, e as informações relativamente a deslocação de grupos organizados de adeptos (GOA) para apoio as entradas e saídas das equipas", explica a PSP.
Com a proibição de ajuntamentos de mais de dez pessoas (Resolução do Conselho de Ministros de 38/20/20, de 17 de maio, que termina no dia 31 de maio), pode haver claques que se desloquem para apoiar as suas equipas do exterior dos estádios, em grupos de dez elementos, cumprindo os distanciamentos recomendados. O problema estará na altura dos golos: com as emoções ao rubro, os adeptos podem esquecer as recomendações da DGS.
A PSP lembra que "não há nada que iniba as pessoas de estarem na via pública", mas avisa que vai estar atenta para "inibir as concentrações superiores a dez pessoas". O trabalho passará mais pela prevenção.
"Os nossos spotters já estão a recolher de informações junto dos Grupos Organizados de Adeptos (GOA) numa perspetiva de informação e nunca de controlo. Eles fazem a medição com os GOA e com todos os envolvimentos no espetáculo desportivo, de forma a conseguirem as melhores condições de segurança para todos", garante-nos Pedro Grilo, Chefe de Divisão de Policiamento de Ordem Pública, do Departamento de Operações da PSP.
PSP atenta a concentração de adeptos em restaurantes
Se dantes a PSP concentrava a maior parte dos seus efeitos dentro dos estádios, parte deles nas chamadas caixas de segurança para adeptos da equipa forasteira, agora é preciso adaptar-se a nova realidade. O exterior dos estádios assim como restaurantes ou locais emblemáticos de concentração serão o alvo da PSP, principalmente em dias de jogos.
Os agentes terão de ser distribuídos em vários locais para vigiar o cumprimento de distanciamento social impostas pelas autoridades sanitárias.
Os restaurantes já tiveram 'luz verde' para abertura, mediante o cumprimento de um rigoroso protocolo de segurança. Sem poder ir aos estádios e com os cafés ainda fechados, os adeptos deverão concentrar-se nestes estabelecimentos para ver o seu clube a jogar pela televisão. O problema aumentará sem casos de presença de adeptos de clubes rivais ou de clubes diferentes no mesmo espaço.
A PSP lembra que "não haverá um polícia em cada restaurante" mas o organismo está atento ao funcionamento dos estabelecimentos como tem vindo a fazer desde que foi autorizado a sua abertura, embora que com regras sanitárias apertadas.
"Se houver um estabelecimento de restauração que esteja preparado para receber um Grupo Organizado de Adeptos (GOA) de maior dimensão e que não cumpra com as regras definidas para o seu funciomaneto, naturalmente a Polícia irá dirigir meios para este espaço para que tal não ocorra. Os donos dos estabelecimentos têm de garantir que são cumpridas as normas. Num clássico ou dérbi, estamos preparados para lidar com qualquer tipo de situação no policiamento desportivo", garante-nos o Departamento de Operações da PSP.
Os jogos à porta fechada vão colocar novos desafios às autoridades de segurança. E mais ainda depois do registo de dois episódios de violência, supostamente entre adeptos do Benfica e do Sporting, em Lisboa, no espaço de uma semana. A 26 de maio a TVI notificou que um elemento da Juventude Leonina foi esfaqueado e espancado por 20 membros dos No Name Boys, no Estoril. No dia 18 de maio, um grupo de 15 indivíduos, alegadamente afetos aos No Name Boys, claque do Benfica (embora não legalizada e não reconhecida pelo clube encarnado) agrediu um grupo de adeptos do Sporting, supostamente ligados à claque Directivo Ultras XXI (está suspensa pela atual direção do Sporting).
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