A FC Porto – Futebol SAD anunciou hoje um lucro ligeiramente superior a meio milhão de euros correspondente à época 2010/11, garantindo um resultado positivo pelo quinto ano consecutivo, para o qual terá contribuído a transferência do treinador André Villas-Boas para o Chelsea.

Por comparação com os resultados consolidados (SAD e empresas participadas) de 2009/10, a sociedade presidida por Pinto da Costa viu subir os lucros de 83 para 534 mil euros, contas em que não entram ainda a “venda” de Radamel Falcao e Ruben Micael ao Atlético de Madrid por cerca de 45 milhões de euros.

Angelino Ferreira, administrador da SAD portista, que apresentou as contas da última época, relevou a continuidade dos resultados positivos da gestão do futebol “azul e branco”, fator que irá pesar no chamado “fair play” financeiro que a UEFA irá impor a partir da época 2013/14.

Nota de destaque, conforme foi também comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), foi o facto de os resultados operacionais, excluindo transações de passes de jogadores, terem crescido, neste exercício, de um valor negativo de 5,358 milhões de euros (ME) para 3,457 (ME) positivos.

“Apesar do crescimento da massa salarial, justificado essencialmente pela inclusão dos prémios relativos ao desempenho desportivo, a contabilização da cláusula de rescisão do treinador, no valor de 15 ME, levou à obtenção deste resultado”, segundo o mesmo comunicado.

Os “dragões” investiram cerca de 50 ME em massa salarial no plantel, dos quais 17 ME foram prémios aos jogadores pelas várias conquistas na época passada: Liga Europa, Liga portuguesa, Taça de Portugal e Supertaça Cândido de Oliveira.

Ainda a propósito da saúde financeira da sociedade, Angelino Ferreira deu como exemplo os cerca de 71 ME de dívidas aos bancos em junho, refletidos no passivo, «mas que são, à data de hoje, números bem melhores: cerca de 45 ME».

A estabilização do rácio entre salários e proveitos nos 56 por cento (68 em 2009/19) está, por sua vez, abaixo dos 70 por cento recomendados pela UEFA.

Estes resultados coincidem ainda com o termo do plano quinquenal “Visão 6/11” (reestruturação estratégica do futebol dos “dragões”), iniciado precisamente em 2006.

A este propósito, tal como referiu Angelino Ferreira, uma grande reflexão, que englobou especialistas das diversas áreas, permitirá avançar, nos próximos tempos, com um novo plano e estratégia, conforme o quadro de iniciativas do grupo, também hoje apresentado.

O administrador portista, que esteve ladeado por Pinto da Costa, presidente da SAD, Adelino Caldeira, administrador, e Antero Henrique, diretor geral para o futebol, deu ainda a entender que o Grupo FC Porto irá procurar novos mercados e receitas.

O administrador prevê uma quebra forte no consumo no mercado do entretenimento, em que insere o futebol, e considera que «é tempo de encontrar um modelo novo, novas receitas, repensar o conceito e procurar novas soluções para atenuar o impacto dessa queda».

Angelino Ferreira assumiu, porém, que o «FC Porto está, como sempre esteve, dependente das receitas das vendas dos passes dos jogadores», o que até apelidou de «caso de estudo a nível mundial pelo seu sucesso».