Vítor Baía criticou a forma como Maicon deixou o relvado logo após o seu erro que resultou no segundo golo do Arouca no Dragão, este domingo. O antigo guarda-redes dos "dragões" continua a defender que falta mística a equipa. E recordou um caso curioso de João Pinto, antigo lateral direito e capitão do FC Porto, para mostrar que Maicon não teve a melhor atitude.

"Vi o João Pinto, e só para falar dos meus capitães, a ter um dedo do pé fraturado e a obrigar o médico a dá-lo como apto para ir lá para dentro, rasgando a bota do lado esquerdo onde o dedo estava em contacto e pintando a meia branca de preto para poder ir lá para dentro. Quando vemos o nosso capitão a fazer aquilo, vamos com ele até à morte. É isto a transmissão de valores. Ele aprendeu com alguém, eu e o Fernando Couto com ele, o Jorge Costa connosco e a seguir o Bruno Alves e outros tomaram o testemunho. Falando só de centrais, temos ainda o Aloísio num leque de centrais que foram todos capitães. Vi ainda o Jorge Costa já depois de duas operações, quase sem poder dobrar as pernas, a estar sempre lá. Vi muitas outras situações assim. Isto é ser jogador à FC Porto", disse Baia à CMTV, saindo depois em defesa do departamento médico do FC Porto, muito criticado pela mulher de Maicon.

"Vou falar daquilo que nós vimos. Errar, todos podemos errar. Temos noção de que a nossa carreira implica o risco. Perante o erro, devemos ter a personalidade de reagir, e reagir bem. O erro está inerente. Errou? Bola para a frente e limpar a cabeça. Neste caso concreto, até ao momento do lance, nada fazia prever que Maicon estaria lesionado. Jogou bem, cobriu os adversários, esteve disponível fisicamente. Há um erro, e de seguida surge o espoletar de toda a situação que lamento que tenha acontecido a alguém que ainda tem mais responsabilidade enquanto capitão. O departamento médico do FC Porto é do melhor que há em todo o mundo. Tem o Dr. Nélson Puga, José Mário e Eduardo Braga, que são do meu tempo, todos eles profissionais de excelência", afirmou Baía.

O antigo jogador dos azuis-e-brancos disse ainda que temos assistido a uma destruição daquilo que é a cultura do FC Porto e que agora privilegia-se mais o negócio. Baía sublinhou também que será sempre uma voz crítica quando entender que o clube não está a seguir no melhor caminho.

"Serei sempre um crítico da destruição completa da cultura do FC Porto. Até se pode trabalhar bem na formação, mas de que vale isso se depois não existe continuidade. São esses miúdos que sentem verdadeiramente o clube. Os miúdos tornam-se homens e sentem a garra, o espírito de superação. Isto é-nos transmitido. Ganhar dinheiros todos ganham. O Maicon também. Não ponho em causa o seu profissionalismo. Agora, aquele extra de empenho só surge de jogadores formados nas escolas do clube. Vejam o semblante do miúdo André André quando saiu. As pessoas ficam maravilhadas de olhar para esses jogadores porque têm saudades de quando a sua equipa tinha 6 ou 7 elementos a sentir a camisola que vestem. Agora é privilegiado o negócio puro e duro", concluiu.