A atribuição de prioridade na vacinação contra a covid-19 aos atletas de alto rendimento ajudaria os olímpicos portugueses a diminuir a sua ansiedade e a otimizar o seu desempenho em Tóquio2020.

“Com a comitiva vacinada reduziríamos a ansiedade nos eventos de classificação e nos próprios Jogos Olímpicos”, exemplificou a psicóloga da direção de medicina desportiva do Comité Olímpico de Portugal (COP), Ana Bispo Ramires, que tem verificado “uma preocupação mais forte em quem ainda não esteve infetado”.

Em conferência online do COP, subordinada à Síndrome Pós-Covid, Vacinação e Alto Rendimento, foi assumido o desejo de que a comitiva lusa fosse vacinada o quanto antes, até por imperativos técnicos associados aos períodos de espera entre as duas tomas e o facto da resposta imunológica ainda tardar.

O diretor de medicina desportiva do COP, José Gomes Pereira, recordou que, face aos dados disponíveis relacionados com as tomas, a vacina da Astra Zeneca já não serve como opção atempada para os Jogos Olímpicos.

A esse propósito, a investigadora e imunologista Ângela Crespo desaconselhou que a eventual segunda toma da vacina pelos atletas fosse tomada a menos “duas ou três semanas” da viagem para o Japão, recordando inclusivamente os possíveis efeitos secundários que a mesma pode provocar.

“Não marquem a vacinação próximo de um evento desportivo muito importante, pois podem não estar no vosso melhor rendimento”, advertiu, informando que “fadiga, dor e febre após a segunda dose não é doença, é resposta intensa do sistema imunitário, a gerar memória”.

Houve unanimidade no reconhecimento de que os atletas, pela idade e condição de saúde, não são um grupo prioritário da vacinação e o apoio ao Comité Olímpico Internacional (COI) na tentativa de adquirir vacinas para todos os agentes desportivos envolvidos com Tóquio2020.

A China já ofereceu vacinas ao COI, porém essa situação encerra alguns problemas, como o facto da mesma não estar a ser sequer estudada como opção pela Agência Europeia do Medicamento.

Os participantes, atletas, treinadores e dirigentes, entre outros, ficaram a perceber que um elemento vacinado “deve manter os cuidados habituais de higiene e distanciamento social”, uma vez que até esses elementos podem ser transmissores do vírus.

Aos desportistas que já tiveram o vírus – e aos que poderão vir a contraí-lo – ficou o aviso de José Gomes Pereira de que “a reabilitação é prolongada e o risco de complicações é significativamente palpável, nomeadamente nas áreas da cardiologia, renal, respiratórias e hematológicas”.

“Tem de ser um regresso progressivo, lento. Não se podem queimar etapas se queremos ter êxito. São 10 dias de repouso e sete sem sintomatologia”, indicou o clínico.

A perceção súbita de fadiga, perturbações do sono e questões relacionadas com fadiga subjetiva devem ser “monitorizadas”.

Os estudos mais recentes apenas mostram que “não há consensos sobre uma estratégia ideal” para lidar com a questão covid-19 na alta competição, até porque “cada caso é um caso, devendo ser analisado individualmente”.

“Devem focar-se apenas na preparação, em seguir as regras e ser atletas 24 horas por dia. Os JO vão realizar-se e vai ser o vosso momento alto”, concluiu o responsável da medicina desportiva do COP.

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