Os apoiantes dos atletas portugueses nos Jogos Olímpicos Londres2012 tem sido quase nulo nas bancadas dos recintos desportivos e o interesse não é maior entre a comunidade residente na capital britânica.

Muitos emigrantes conseguem nomear Telma Monteiro e João Pina e até sabem que uma portuguesa venceu um jogo de badminton e que Portugal continua em prova na vela e no remo, porém não mostram entusiasmo.

«Tenho seguido muito pouco, pela internet no telemóvel», confessou à agência Lusa José Gomes, pasteleiro de 24 anos, enquanto tomava hoje o pequeno-almoço num café português na South Lambeth Road, no sul da cidade.

Os turnos de trabalho intensivos, de 16 a 18 horas num hotel lotado por causa dos turistas "olímpicos", deixam-lhe pouco tempo para descansar, justificou, quanto mais pensar em assistir a provas desportivas.

Também Lígia Viveres, de 29 anos, referiu os nomes e está a par da recente eliminação dos judocas portugueses, todavia não foi apoiar os atletas nacionais.

«É difícil conseguir bilhetes», argumenta, antes de referir que uma prima conseguiu, mas que foi ver um jogo de futebol, modalidade na qual Portugal não participa.

Uma sobrinha de Aurélio Rei, de 41 anos, comprou ingressos para uma prova equestre, mas não foi por causa dos lusos Gonçalo Carvalho e Luciana Dinis.

«Ela adora cavalos», explica à Lusa este abrantino, que, apesar de trabalhar em Stratford, mesmo junto ao parque olímpico, numa agência de manutenção de propriedades, não sentiu o impulso de entrar para ver.

Segundo a organização, até agora já assistiram às competições 2,1 milhões de pessoas nos primeiros três dias de competição regular do evento, incluindo na prova de ciclismo de estrada, em que não era necessário ingresso para ver a competição em parte do percurso nas estradas londrinas.

Nos recintos encontram-se apoiantes de muitas nacionalidades, incluindo polacos, brasileiros, espanhóis ou lituanos, alguns que residem localmente, outros que viajaram propositadamente, com as respetivas bandeiras, camisolas e cachecóis nacionais.

Com exceção dos próprios colegas de equipa e membros da comitiva lusa e um outro familiar, não se têm visto adeptos portugueses na assistência.

Ao eventual desinteresse, sublinha Aurélio Rei, «falta uma vitória para o pessoal acreditar e dar alegria», lamentando a eliminação de Telma Monteiro logo no primeiro combate, na segunda-feira.

Nelson Rodrigues, carpinteiro de 41 anos, simplifica ainda mais a discussão e diz que os "tugas" não estão galvanizados «porque 95 por cento não sabem quem são os atletas».

«Houve falta de comunicação», lamentou António Cunha, eleito local do Conselho das Comunidades Portuguesas, o órgão consultivo do governo para as questões da diáspora.

As autoridades portuguesas, incluindo o comité olímpico, «podiam ter feito uma aproximação [à comunidade], distribuído bandeiras e incentivado a ir aos Jogos».

«Não era necessário dinheiro», garantiu à Lusa o conselheiro, que, tal como o empresário Pedro Xavier, assistiu à cerimónia de abertura, mas que não tenciona regressar aos recintos olímpicos.

Mas a explicação, repetida por todos os questionados, foi dada logo ao início por António Ramos, empregado do café Estrela, um dos estabelecimentos onde são frequentes as concentrações de pessoas para assistir a eventos desportivos pela televisão.

A clientela está indiferente ao que se passa nos Jogos Olímpicos, sintetiza, porque «só se interessa por futebol». 

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