Esta é já uma das histórias destes Jogos Olímpicos. Guor Marial vai correr a maratona como atleta independente.

Guor nasceu no atual Sudão do Sul, um país tão recente que ainda não tem Comité Olímpico. A II Guerra civil sudanesa dizimou a família de Marial. Perdeu 28 familiares e com oito anos, foi obrigado a fugir de um campo de trabalhos forçados, em 1993. Viveu no Egipto e aos 16 anos, mudou-se para os EUA, onde permanece até agora mas como refugiado, o que não lhe permite ter cidadania americana e representar os EUA nos Jogos Olímpicos.

Como tal, fez um pedido ao Comité Olímpico Internacional para que participasse como atleta independente, algo que lhe foi conferido. Foi o senador de New Hampshire, Jeanne Shaheen, quem ajudou Marial, enviando uma carta ao Comité Olímpico Internacional, pedindo que o atleta corresse com as cores da bandeira olímpica.

Antes, Marial recebeu um convite para representar o Sudão, algo que rejeitou de imediato: «Nunca! Isso seria uma traição. A minha família perdeu 28 membros na guerra com o Sudão. Milhões de pessoas foram assassinadas pelas forças do Sudão. Eu apenas posso perdoar, mas não posso honrar e glorificar um país que matou a minha gente», respondeu Marial, em entrevista à CNN.

Mas nem só Marial correrá com as cores da bandeira dos Jogos Olímpicos. Três outros atletas das ex-Antilhas Holandesas, Churandy Martina, Philip Elhage e Rodion Davelaar, também não estão a representar nenhum país. As antigas Antilhas Holandesas perderam a autonomia em 2010 e foram integradas na Holanda, mas os três atletas recusam correr com as cores da bandeira holandesa.

Este não é um caso virgem. Em 1992, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, os atletas da Jugoslávia competiram pela bandeira olímpica, depois da desagregação do país. Oito anos depois, quatro atletas de Timor Leste competiram em Sidney com o mesmo estatuto, ainda na ressaca da independência.