O presidente da Federação Portuguesa de Vela (FPV) espera «a melhor participação possível» da modalidade nos Jogos Olímpicos Londres2012, mas prefere não falar na conquista de medalhas.

«Eles estão muito motivados e isso para nós é a garantia da melhor participação possível e eu sei que eles vão dar o máximo», disse José Manuel Leandro, que realçou a «unidade» em torno da equipa olímpica, após a fase atribulada no arranque do ciclo olímpico.

Num ano de participação recorde da vela nacional em Jogos Olímpicos, tanto no número de velejadores (13), como de presença em Classes (oito), o presidente da FPV destaca a importância de Londres na preparação dos Jogos do Rio de Janeiro, até porque a equipa apresenta várias «caras novas».

Se José Manuel Leandro prefere não falar em medalhas, já o Diretor Técnico Nacional (DTN), Pedro Rodrigues, não limita as hipóteses de lugares no pódio a Gustavo Lima (Laser Standard).

«Não é o único, mas neste tipo de competição conta muito a experiência do atleta. O Gustavo tem uma vasta experiência, tanto internacional, como nesta competição, mas temos outros atletas com o mesmo nível de experiência e capacidade para atingir esse resultado de mérito», explicou, no que poderá ser um referência aos casos da tripulação Álvaro Marinho/Miguel Nunes (470), quintos em Sydney2000, e de João Rodrigues (Prancha), sexto em Atenas2004, ou Afonso Domingos, quarto classificado nos recentes Mundiais de Star.

Gustavo Lima também se mostra prudente quanto à possibilidade de melhorar a prestação alcançada em Pequim2008, quando ficou a um ponto da medalha de bronze, sobretudo porque o regresso à Classe Laser foi imposto, há cinco meses, devido à lesão do “proa” Rubrio Basílio, com quem iniciou o ciclo olímpico, então na Classe Star.

«A distância que eu tinha em maio, no campeonato do mundo [Laser], é cada vez menor, cada vez mais curta. É importante salientar que neste últimos cinco meses tive de elevar o meu corpo a patamares de sofrimento nunca dantes passados, porque nunca estive em tão baixo de forma como quando peguei no Laser», admitiu o velejador de Cascais.

Lima foi sexto no recente campeonato de treino realizado por várias tripulações que estarão nos Jogos Olímpicos e realizada em Weymouth - local da prova, a 300 quilómetros de Londres -, demonstrando uma boa readaptação à Classe.

«A questão do resultado na vela é muito aleatória, até porque o vento é um fator que não é controlável. Em termos físicos e psicológicos estou forte, estou confiante», disse.

Sara Carmo, de 25 anos, é uma das estreantes na equipa olímpica e encara a presença em Londres como uma antecâmara para futuras «aventuras» olímpicas e já a pensar dos Jogos do Rio de Janeiro2016.

«Esta é a primeira fase, é a minha primeira experiência. Depois destes Jogos Olímpicos vou ver quais as condições para que haja uma continuidade. Se houver condições terei todo o gosto em continuar a representar Portugal», Sara Carmo.

A jovem velejadora do Clube Naval de Cascais (CNC) nota um «espírito mais unido» e «mais conjunto» entre os elementos da equipa olímpica, depois dos problemas diretivos que marcaram o início do ciclo.

Frederico Melo, proa de Afonso Domingos na Classe Star, não hesita ao falar na possibilidade de medalhas: «A medalha é o único resultado positivo. Ficar fora das medalhas pode ser positivo no sentido de ser uma etapa de aprendizagem para os outros Jogos Olímpicos».

«Nós não somos favoritos, mas podemos superar-nos», garantiu o jovem velejador do CNC, que sexta-feira completa 25 anos.