À entrada do Media Center do Parque Olímpico do Rio2016, o mundo abre-se para outras edições, nos raros e delicados pins que colecionadores de todo o mundo apresentam como moeda de troca para novas recordações.

Estes pins não se compram, não se vendem, trocam-se, num diálogo em que só a história do outro lado da troca parece interessar. “O meu pin favorito é aquele que não tenho. Essa é a piada dos pins: nunca os consegues colecionar a todos, nunca consegues reunir todos os que procuras”, explicou à agência Lusa um homem que se identifica simplesmente por Philip.

De ar bonacheirão e pele avermelhada pelo até agora pouco convicto sol brasileiro, o sexagenário norte-americano tenta proteger-se debaixo de um guarda-sol, enquanto relata o começo da sua paixão por esta arte que o fez dar a volta ao Mundo.

“A paixão começou em 1984, em Los Angeles, porque Los Angeles é uma cidade muito progressista. A moda dos pins começou lá, nos Jogos Olímpicos, e espalhou-se para todo o lado. Fui a todos os Jogos Olímpicos desde esse ano até hoje. Os de Verão e os de Inverno. A absolutamente todos. E também viajo para os ‘regionais’ que conduzem aos Olímpicos, como os Jogos Asiáticos, os Jogos da Commonwealth, os Pan-Americanos”, enumerou.

Divertido e conversador, Philip garante conhecer “toda a gente, por todo o mundo, que coleciona pins, cada um deles até à última pessoa”.

“E há diferentes especializações nos pins: há pessoas que só colecionam pins dos media, outras reúnem dos Comités Olímpicos nacionais instalados na Aldeia Olímpica, outros dos patrocinadores. Eu coleciono da imprensa e dos comités olímpicos”, acrescentou.

No seu caso particular, a arte de colecionar recordações olímpicas vai mais além, com o ‘velhote’ de Los Angeles a reunir porta-chaves e relógios, como aquele que orgulhosamente exibe no pulso, um exemplar oriundo da Mongólia, feito para Londres2012.

“Há quem colecione medalhas, tochas. Tenho um amigo de Los Angeles, com muito dinheiro, que tem todas as medalhas, de ouro, prata e bronze, do tempo em que faziam medalhas a sério. É um coleção que deve valer dois, três milhões de dólares”, revelou.

Garantindo que nenhum dos problemas apontados à realização do Rio2016 o apoquenta – “A respeito do zika, já decidi que não vou engravidar até ao fim dos Jogos” -, Philip não consegue eleger uma edição passada como favorita.

“[Os Jogos Olímpicos de Inverno de] Nagano1998, no Japão, foram ótimos, os de Seul1988 foram muito, muito bons. Os de Atenas2004 foram bons. Porquê? Porque a comida é excelente. A pior comida que alguma vez comi nuns Jogos Olímpicos foi em Albertville, em França [nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1992]. Tenho a certeza que toda a gente morreu em Albertville, porque a comida era terrível. E em Lillehammer, na Noruega, os Jogos [de Inverno de 1994] foram excelentes, mas a comida era nojenta”, recordou.

Também Kenny, alinhado lado a lado com outros especialistas uns metros mais à frente, tem dificuldade em apontar um único evento olímpico, porque todos eles lhe permitem fazer o que mais gosta: viajar e conhecer novas realidades.

Colecionador desde a marcante edição de Los Angeles1984, o norte-americano, já reformado, assumiu que para o Rio2016 trouxe apenas os pins suplentes, aqueles que pode trocar pelos que realmente deseja.

“Penso que gosto de todos por igual. Cada pin conta uma história diferente, dependendo da pessoa com quem o trocaste – se é um jornalista, um atleta ou uma pessoa anónima”, disse.

Com centenas de exemplares no seu espólio pessoal – “deixei de contar” –, Kenny quer agora ir à Aldeia Olímpica, local onde estão os mais apetecíveis pins.

“Esses [das delegações nacionais] são os mais especiais. Vou tentar trocar um pin por uma foto com um atleta”, reconheceu, sorridente.

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