A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) não foi informada pelos serviços secretos franceses de que um brasileiro ligado ao Estado Islâmico (EI) estava a planear um atentado contra a delegação francesa durante os Jogos Olímpicos Rio2016.

A informação consta de um relatório de oficiais de inteligência do governo francês divulgado hoje no 'site' da Assembleia Nacional.

Segundo a imprensa, a informação foi passada pelo chefe da Direção de Inteligência Militar, general Christophe Gomart, durante uma audiência a 26 de maio na Comissão Parlamentar de Luta contra o Terrorismo que investiga os atentados de 2015 em França.

"Ainda não, hoje não", respondeu o diretor-geral da ABIN, Wilson Roberto Trezza, quando lhe perguntaram se recebeu esse relatório, durante uma conferência de imprensa sobre as medidas que estão a ser tomadas para garantir a segurança durante os Jogos.

"Não posso afiançar [assegurar] o que houve para que ele tivesse divulgado e não tivesse falado connosco ainda, mas certamente nós vamos sentar-nos para conversar sobre isso", disse, frisando que os serviços secretos dos dois países têm tido conversações permanentes.

Antes de a informação ter sido divulgada na conferência de imprensa, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Westphalen Etchegoyen, já tinha respondido, relativamente a ameaças contra a delegação francesa, de que nenhuma delegação teria um tratamento especial.

O diretor de contrainteligência da ABIN, David Bernardes, esclareceu que a ABIN desceu o nível de alerta específico para terrorismo, que em maio era de quatro (numa escala de um a cinco), após terem sido tomadas medidas de segurança.

"Quando o nível de proteção é adequado, o nível [de alerta] diminui", acrescentou, sem avançar, no entanto, o nível atual.

O diretor-geral da ABIN, que antes tinha começado por dizer que não havia um nível de alerta, depois acabou por explicar que se tratava de algo específico, não existindo no Brasil um nível geral para informar a população quanto a ameaças terroristas, como acontece noutros países.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional acrescentou que o nível quatro deveu-se igualmente ao facto de maio ter sido um mês com "uma série de atentados terroristas no mundo".

Essa situação, acrescentou, levou as autoridades a aumentarem o alerta no Brasil, porque não existem outros elementos, como, por exemplo, uma "célula identificada" ou um terrorista que tenha entrado no país.

Em junho, a ABIN confirmou que estava a monitorizar um conjunto de pessoas que comunicam em português num grupo do EI no serviço de mensagens instantâneas Telegram.

O diretor-geral da ABIN não respondeu a várias perguntas sobre ameaças e não reconheceu, por exemplo, o número de uma centena de 'lobos solitários' com potencial para cometer atos de violência, incluindo terrorismo, no país, informação que tinha sido avançada pelo jornal brasileiro Globo, que cita um relatório da ABIN.